Apesar do Sol já ter feito o seu ingresso no signo de Caranguejo, dando início ao Verão no hemisfério norte, a nossa conexão desta semana volta a convidar-nos para um olhar mais profundo dentro do nosso Eu, a trabalhar questões mais interiores, com vista a revelar a nossa essência, algo perfeitamente normal, até porque Saturno voltou a Escorpião, no seu movimento retrógrado. Mais do que um olhar atento para dentro de nós, é tempo de verdadeiramente nos conhecermos e descobrirmos o nosso próprio caminho, a nossa própria libertação, essa é a mensagem que o Eremita nos traz para esta semana!
Vivemos neste fim-de-semana o Solstício, o ponto onde vivemos o dia solar mais longo, que nos lembra que é a Luz que nos dá a vida e que a devemos celebrar, que tudo o que existe na Terra vive em ciclos, que depois do Inverno vem o Verão, depois do Verão vem o Inverno, depois do dia vem a noite, mas depois da noite, o dia volta a nascer. Então, chegou o tempo de olharmos para dentro de nós e compreendermos as questões interiores que vivemos, os dramas e os medos, as agonias e aflições, as dúvidas e os receios, não com o intuito de os encararmos gratuitamente, mas sim para percebermos o que eles nos revelam, que aprendizagens temos de fazer para podermos crescer e sentirmo-nos melhor na nossa caminhada.
O Eremita é uma carta de profunda introspecção, mas também de aprendizagem sobre nós mesmos. Não adianta continuarmos a olhar para o caminho do outro e tentar, através dele, fazer o nosso. Não serve de nada seguirmos modelos e os copiarmos para tentar construir o nosso Eu, é preciso encontrarmo-nos e sabermos quem queremos ser, é preciso libertarmo-nos das nossas mais profundas prisões, aquelas que apenas nós criamos. A caminhada da vida na Terra, embora seja feita de forma social, onde através do outro aprendemos muito, pois todos os que se cruzam connosco são os nossos maiores Mestres, os nossos maiores espelhos, é um estágio que nos pede que revelemos o nosso Eu, a nossa individualidade, reconheçamos o nosso verdadeiro valor, as nossas capacidades, a nossa unicidade.
No entanto, o nosso maior Mestre está bem dentro de nós, e revela-se quando nos ouvimos, quando nos libertamos de todos os dramas, medos, ansiedades e dúvidas, quando nos propomos a fazer o nosso caminho, não o de outro alguém. Os que connosco se cruzam são nossos mestres, simplesmente porque eles são espelhos que nos devolvem as nossas acções, as nossas escolhas e a responsabilidade do compromisso que assumimos na nossa caminhada. Quando tentamos fazer o caminho que outro alguém faz, porque gostamos desse caminho, porque o admiramos ou porque, também tantas vezes, o invejamos, diminuímo-nos e anulamo-nos, deixamos de ser nós mesmos e, dessa forma, criamos mais medo, mais dúvida, mais agonia, tão simplesmente porque tentamos avançar num caminho que não é o nosso, para o qual não estamos preparados.
Esta semana, libertemo-nos desses caminhos paralelos, libertemo-nos de olhar o caminho do próximo, de o tentar fazer. Trabalhemos, então, para nos conhecermos melhor, para fazermos o nosso caminho, ainda que, para isso, tenhamos de nos afastar um pouco, de fazermos uma introspecção. Por vezes, o silêncio é o melhor dos conselheiros, pois ele simplesmente permite-nos ouvir-nos a nós mesmos, à nossa essência, ao nosso próprio Eu. Aproveitemos então para meditar, para descansar, para reflectir e nos conhecermos a nós mesmos, deixando de parte o ego, encarando e permitindo olhar genuinamente para a nossa alma, para dentro do nosso ser.
Boa semana!
Leonardo Mansinhos