Uma nova semana se inicia, marcando também os primeiros passos de um novo mês que promete manter a energia intensa do início do ano. Na verdade, estas duas primeiras semanas, que vão coincidir com a Lua Nova na próxima segunda-feira, vão ser muito importantes, com grandes desafios que precisamos de encarar e de viver. Prova disso é a carta cuja energia nos irá orientar nesta semana, uma das mais temidas do Tarot, mas cujo desafio é também dos mais importantes, a Torre.
Há momentos em que precisamos de encarar a vida e algumas situações de forma mais crua e intensa. Muitas vezes, depois de muitos desafios e muitas perdas, ficamos presos ao que consideramos derrotas, ao que nos magoou e maltratou, ao que sentimos como injustiças. No entanto, o que não vemos é que, na vida, tudo o que nos é, de alguma forma, retirado, é porque precisa de seguir um outro rumo, um outro caminho, é porque, de alguma forma, já não tem lugar na nossa vida. Não é fácil ver este prisma, é verdade, até porque nos dedicamos durante longos tempos, quando não a vida inteira, a criar algumas estruturas, a ter um chão onde pisar, e quando sentimos que está tudo certinho, parece que algo, ou a própria vida, retira-nos essas mesmas coisas. Isso cria-nos dor, sofrimento, por vezes até mágoas que habitam no nosso coração de forma intensa. No entanto, é preciso compreender que nada surge por acaso e nada de mal que acontece é fruto de uma conspiração divina contra nós, mas sim algo que está no nosso caminho para que possamos cumprir o nosso propósito, um desafio que, ao ser superado, nos permite evoluir.
A Torre não é, sem dúvida, uma carta fácil de ser vivida, pois ela remete-nos para as rupturas que a vida nos traz, as grandes mudanças que precisamos de aceitar nas nossas vidas e que, por muito que nos doam, precisamos de compreender que fazem parte do nosso caminho. Não precisamos de viver nenhum drama nem nenhuma catástrofe em nós, pelo contrário! Este processo é bastante interior, pois o que nos está a ser pedido é que sejamos capazes de rasgar das nossas vidas, ainda que tendo a consciência que tal vai doer, todas aquelas coisas que, sabemos, já não podemos manter, que apenas nos aprisionam e que, essas sim, são a maior fonte de dor e sofrimento, incomparavelmente maior do que a da ruptura, tão simplesmente porque é de uma continuidade atroz, que nos vai consumindo e diminuindo, que nos leva ao limite. No entanto, quando aceitamos este rasgar da nossa própria pele para podermos renascer, para podermos ser mais e melhores, compreendemos que há uma força em nós que é extraordinária e transformadora, deixamos de ser as vítimas e transformamo-nos em verdadeiros guerreiros.
Esta semana não tem de ser encarada com temor, muito pelo contrário. Esta carta não nos traz nenhuma catástrofe pessoal, mas lembra-nos que quando aceitamos as diversas rupturas que as nossas vidas nos trazem, quando deixamos de estar focados nas perdas, largando o orgulho, a arrogância, mas também, e principalmente, os medos e as dúvidas. Tudo o que o Universo nos está a levar a largar, a cortar e a destruir nas nossas vidas, na verdade, não é mais necessário, nem nos permite evoluir. Se formos capazes de aceitar estas mesmas perdas, sejam elas mais exteriores ou puramente interiores, então seremos capazes de ver a verdade à frente dos nossos olhos, como se um véu nos fosse retirado, permitindo-nos ver todas as coisas como elas realmente são, sem máscaras. O que, no fundo, esta semana nos é pedido, é que não tenhamos medo de ver a verdade das nossas vidas, das nossas situações e que sejamos capazes de a aceitar, permitindo-nos, através dessa tomada de consciência, avançar, evoluir, ir mais longe. Basta largar, pois tantas vezes a dor é maior, simplesmente porque tentamos agarrar uma corda que se arrasta nas nossas mãos, queimando-nos, corda essa que nada segura que nos faça falta.
Boa semana!
Leonardo Mansinhos