A nova semana que agora se inicia traz-nos um novo impulso energético, uma nova disposição. Neptuno já começou a retomar o seu movimento directo, permitindo-nos ver e sentir plenamente tudo o que os últimos tempos nos trouxeram, rasgar os véus e deixar cair as ilusões. Nas próximas horas, o Sol entrará em Sagitário e o ambiente mais profundo e intenso que Escorpião nos trouxe durante as últimas semanas vai ter a possibilidade de ser transformado em fé, em foco e em uma maior alegria. No entanto, até que esta energia esteja totalmente estabilizada, há ainda algum trabalho a fazer.
Nos últimos tempos temos sido incitados a libertarmo-nos do que nos ainda nos impede de avançar, a cortarmos as amarras, a limparmos o nosso coração do que ainda nos pesa e abrirmo-lo para deixar o amor entrar. Tudo o que temos vivido, nos nossos dias, nos nossos ambientes, na sociedade e no mundo, têm-nos mostrado quem somos e têm-nos colocado nas mãos a responsabilidade de podermos, se assim quisermos, mudar algo.
Não é a primeira vez que isto nos é transmitido, e certamente não será a última, mas a verdade é que, de dia para dia, tudo se torna mais intenso e palpável e o tempo, esse grande Mestre, pede-nos que deixemos de viver presos na ilusão da felicidade, que retiremos as máscaras que ainda insistimos em colocar em cada dia, que assumamos, nas nossas mãos, a responsabilidade de criarmos a nossa vida.
Enquanto vivemos em velhos padrões de preocupação, de inveja e de medo, não nos apercebemos que perdemos o nosso poder pessoal e colocamo-lo no outro. Através desses padrões mascaramos as culpas e as mágoas que carregamos, a falta de fé em nós mesmos, as inseguranças e o quanto nos habituámos a não nos amarmos profunda e verdadeiramente. Sem percebermos, tornamo-nos dependentes daquilo que pensamos ser essencial para a nossa estabilidade e segurança, preservando-as numa espécie de ambiente controlado e esquecendo que tudo o que passamos, tudo o que encontramos pelo caminho, deve alimentar a vida, não ser guardado na esperança que fique ali no que chamamos “para sempre”.
A Morte, a carta que nos orientará por estes dias, traz o trabalho destas últimas semanas para um nível diferente, solicitando-nos essa plena libertação de nós em relação a nós mesmos, aos nossos padrões, hábitos e estruturas. Para isso é preciso dizer ao nosso ego que ele está bem e seguro, e tal só pode ser feito quando nos amamos e cuidamos, verdadeiramente, de nós mesmos, corpo, alma e espírito. Fazê-lo implica, talvez, a tarefa mais dura, mas também a mais poderosa, o perdão.
Recordemo-nos que perdoar não é uma simples atitude, é uma tomada de consciência, é uma libertação profunda e uma elevação da nossa alma ao nível do divino, que tem sobre nós o efeito de resgate da nossa essência. Sem perdão, toda a centelha de amor que existe no nosso coração se esfria e, ainda que possa aquecer levemente alguns corações à nossa volta, de quando em vez, a verdade é que nunca nos preenche, nunca nos deixa verdadeiramente felizes e plenos.
Então, agora, mais do que nunca, o perdão, principalmente e primeiro que tudo a nós mesmos, se torna essencial, pois é o perdão que limpa o coração e abre as suas portas e janelas, deixando a Luz e o Amor entrarem e invadirem cada recanto do nosso ser. Sem ele, por muitas palavras belas que possamos proferir, por muitos ensinamentos dos Mestres que possamos até defender ou transmitir, por muitas meditações, retiros ou rituais que possamos fazer, nada mais serão do que intenções ou palavras vãs, desprovidas de alma, que não tocarão o coração dos outros, pois nem sequer verdadeiro espaço têm nos nossos.
Boa semana!
Leonardo Mansinhos