Num piscar de olhos, a noite mais longa do ano, o Solstício de Inverno, chegou, anunciando esta época mágica que é o Natal. Em poucas horas, o Sol entra no signo de Capricórnio, onde irá encontrar Saturno, também acabadinho de lá entrar, anunciando o renascimento do Sol, depois de seis meses de progressivo mergulho nas trevas, atravessando agora o Inverno, recordando-nos que para chegar ao dia, há que passar pela noite. Esse é o simbolismo do ajustar do nascimento de Jesus à data de 25 de Dezembro, uma data celebrada há milénios, em várias culturas, que anuncia o renascimento do nosso Astro Maior, do Sol, o símbolo da Vida, no fundo, o Messias, o renovar da esperança numa nova vida, num novo caminho, num novo despertar.
Jesus, o Cristo, ao vir à Terra, teve, como qualquer um de nós, de nascer, de ser criança, de crescer e se tornar Homem, para, assim, se tornar o Filho do Homem. O Mestre, nos seus ensinamentos, lembra-nos exactamente isso, dizendo-nos, de forma simbólica, que, para descobrirmos o nosso potencial e encontrarmos a verdadeira Luz em nós, para cumprirmos o nosso propósito, precisamos de voltar à nossa essência, precisamos de voltar a ser Criança, e qual a melhor simbologia para uma criança, que não a da Esperança?
Natal é renascimento, é o abrir do nosso coração para que possamos dar e receber, para que possamos celebrar a vida e, dessa forma, compreendermos o seu valor. Todos os anos, o discurso é muito semelhante, rodeando as questões do materialismo, da loucura do gasto, recordando-nos daqueles que passam frio e fome, dos que estão sozinhos, enquanto tantos vivem uma alienação estranha e confusa de consumismo, esquecendo a noção do verdadeiro sentido do Natal. No entanto, melhor do que relembrar esse velho discurso, gasto e batido, que estamos cansados de ouvir, sem grandes efeitos, é tempo de nos recordarmo de nós mesmos, olhando para os nossos corações, sentindo dentro de cada um de nós o verdadeiro valor desta época.
Esqueçamos por momentos o sentido religioso, o nascimento de Jesus, os mitos, lendas e histórias que, para muitos de nós, são inverosímeis, e recordemo-nos de nós, busquemos uma memória ou uma sensação de quando éramos crianças e o Natal era especial e mágico. Se calhar, muitos de nós até acreditámos no Pai Natal, impelidos pela história contada pelos pais e pelos avós dum velhinho simpático que percorria o mundo inteiro entregando prendas se nos tivéssemos portado bem. Recordemo-nos da excitação, da alegria, do brilho desta época. Talvez, para alguns de nós, haja também memórias tristes, muitas até, mas não haverá uma boneca ou um carrinho especial que nos contentou o coração naquele momento? Recordarmo-nos desse momento, enquanto crianças, mesmo quando havia pouco ou quase nada, ou quando havia muito, lembrarmo-nos dum brinquedo especial, mas também dum carinho, duma palavra, das histórias, dos avós, dos pais, tios e primos, todos à volta da mesma mesa, dos aromas e das cores, mas olhando apenas para esse momento, esquecendo as agruras que a vida, entretanto, impôs, que o tempo nos colocou, que nos fizeram crescer e tornarmo-nos adultos, permite-nos, por instantes, reacender uma chama dentro do nosso coração e voltar a sentir o que parecia, tantas vezes, esquecido.
É a chama da Esperança que nos aquece o coração neste tempo, em que tantos, pelo mundo fora, estão em sintonia numa vibração especial, numa magia única e maravilhosa, que, se assim quisermos, tem a possibilidade de mudar o mundo, um bocadinho de cada vez. É a Esperança que nos eleva o espírito e nos mostra o caminho, como uma luz suave, mas especial, que nos revela o que estava fechado pelas trevas. Esse é o sentido do Natal, do renascimento do Sol, do nascimento de Jesus, da vinda do Messias, de nos abrir um caminho para o revelar da nossa própria Luz, e tal só é possível quando vibramos, verdadeiramente, em Amor, a grande mensagem que o Mestre nos deixou e que vive com ele desde a sua concepção. O Amor da sua Mãe, o Amor do Pai e o Amor daquele que, na história contacto, o assume como seu filho, Amor por todos aqueles que sofriam, o Amor por aqueles que lhe queriam mal e o julgaram, o Amor por tudo o que foi criado. Só o Amor, apenas o Amor, alimentado pela Fé, unido pela Esperança, é capaz de transformar tudo o que nos rodeia.
Desta forma também, na vibração da Esperança, caminhamos já para um novo ano, um novo ciclo que se anuncia forte e importante, que nos pede que sejamos capazes assumir a responsabilidade pelo nosso caminho, pelas nossas escolhas, pela nossa vida. Se queremos que o novo ano seja, realmente, uma renovação, um novo percurso, um novo ciclo, com prosperidade e sucesso, temos de, realmente, desde já, começar a assumir quem somos, o caminho percorrido, as sementes plantadas, colher os frutos, sejam eles quais forem, e usá-los, aceitá-los, integrá-los como uma aprendizagem, compreender que, por vezes, assim como o Messias nasceu num estábulo, as maiores bênçãos das nossas vidas vêm através de coisas que, aparentemente são menores ou, até quem sabe, más. No entanto, se as compreendermos e aceitarmos, acenderemos a chama do Amor e da Esperança nos nossos corações e saberemos ser gratos pela vida, em tudo o que ela tem para nos dar.
É com esta vibração que desejo a todos, em meu nome, e em nome da Sopro d’Alma, um muito Feliz Natal e um próspero, feliz e pleno 2018!
Leonardo Mansinhos