O mês de Maio é um mês ligado à energia da Mãe, à energia do cuidado e da dádiva, da vivência consciente da mais bela manifestação do Amor na Terra, o gerar duma vida, o Amor que é o caminho da vinda duma alma à sua missão terrena. Se essa vivência é, sem dúvida alguma, uma das mais importantes e belas que poderemos ter aqui na Terra, reservada apenas, claro, aos espíritos que escolheram um caminho de encarnação sob a energia feminina, a verdade também é que ela carrega em si um legado que nos toca a todos, pois todos, sem excepção, temos ou tivemos uma mãe que nos trouxe a este planeta.
Todos temos em nós a energia do nosso pai e a energia da nossa mãe, todos somos compostos por estas duas parcelas que, unidas, geraram-nos. Nascemos da nossa mãe e é-nos cortado o cordão umbilical que nos uniu durante toda a gestação, que nos alimentou e nos nutriu, dando origem consciente à nossa existência, iniciando um percurso de identidade e de construção da nossa individualidade, a separação que nos permite caminharmos para sermos nós mesmos.
A importância da mãe nas nossas vidas é muito superior ao facto de ser ela a carregar-nos e a dar-nos a vida, a sua nutrição é um dos factores primordiais da nossa existência, o que dela recebemos, quer dentro da sua barriga, quer ao longo do nosso crescimento, molda-nos e imprime em nós uma parcela profunda de quem somos. Por isso, a energia da nossa mãe representa o nosso lado mais inconsciente, mais profundo, o nosso sentir, o imprimir dos nossos padrões e hábitos, das nossas carências e medos, a forma como nos nutrimos, assim como nos permitimos dar e receber.
No caminho da nossa vida, na busca pela nossa individualidade, uma das coisas mais importantes que precisamos de aprender é a elevar a energia da mãe que existe dentro de nós, a compreender que podemos, devemos e precisamos nutrir-nos, cuidar de nós, amar-nos e acarinhar-nos. Isso permite-nos compreender que não dependemos dos outros para o fazer, que apenas quando somos capazes de nos amar, aceitar e nutrir conseguimos viver de forma mais harmoniosa e equilibrada a nossa vida. Isto não significa que sejamos autossuficientes ou que não precisaremos de ninguém nas nossas vidas, significa que aprendemos que temos tudo o que necessitamos para podermos ser nós mesmos e que tudo e todos que possam chegar à nossa vida, só fazem sentido para acrescentar, para potenciar e crescer, não para completar alguma coisa.
Somos íntegros e completos, perfeitos em quem somos para o cumprimento do nosso propósito de vida, e isso implica e significa que precisamos de aprender a amar-nos nessa mesma totalidade, como a mãe que ama o seu filho e o nutre ainda antes de alguma vez o ter visto, simplesmente porque ele é seu filho, simplesmente porque ele existe, porque foi gerado de e em si. Ao amar-nos de tal forma, compreendemos que somos completos, que não precisamos de viver em função de nada nem de ninguém, que não precisamos de fazer algo para que nos dêem algum amor, que não temos de esperar que acreditem e tenham fé em nós para também o fazermos. É esse sentido de compleição que a Mãe, a sua energia em nós, a nossa Mãe Interior, nos quer transmitir, pois ela reflecte a essência primordial, o Arquétipo da Mãe, a que cuida, dá e nutre, como sabe, como pode, da forma mais profunda e generosa, mas que sabe que a sua criação não é uma posse sua, é uma dádiva do Universo ao Mundo.
Leonardo Mansinhos