Não interessa o quão tentamos evitá-los, a verdade é que não conseguimos impedir que os dias maus aconteçam. Talvez seja o fim de um relacionamento com alguém que pensávamos ser “a nossa cara metade”. Talvez seja a perda de um ente querido. É incontornável termos dias em que sentimos na pele e na alma a profundeza do desespero, querer fugir para um local calmo, a olhar para o mar e chorar. Estes são os momentos em que sentimos que a vida é demasiado difícil.
Não é suposto a vida ser tão complicada. O amor não deveria ser complicado. Ter um trabalho não deveria ser complicado. A nossa felicidade e a nossa paz de espírito não deveriam ser complicadas.
Nós é que, muitas vezes, tornamos tudo muito mais complicado do que na realidade é.
Não é suposto estarmos ansiosos ou em constante modo de alerta para todos os detalhes do nosso dia a dia. A analisar em demasia tudo o que nos acontece, da mensagem que recebemos no telemóvel à expressão da pessoa que nos fez a entrevista de emprego, passando pelos porquês de não termos conseguido realizar uma venda no nosso trabalho.
Não é suposto estarmos sempre a tentar perceber como é que estamos ou como nos sentidos. A questionar-nos se o mundo que construímos para nós tem os alicerces sólidos que pretendemos ou se, ao primeiro abanão, a vida que construímos irá desmoronar-se diante dos nossos olhos.
Não é suposto sentirmos que precisamos de ser resgatados, quando aparece uma pequena pedra no nosso caminho. Ou sentirmo-nos devastados, quando situações simples e corriqueiras não correm como pretendemos.
Nós fomos feitos para compreender que, às vezes, os caminhos que percorremos nem sempre serão aqueles que queremos fazer e que isso é simplesmente a vida a ganhar forma à nossa volta. Que não conseguirmos tudo o que queremos, quando queremos, é apenas a nossa alma a ganhar mais vida.
No entanto, também fomos feitos para ter a certeza de que teremos muitos momentos felizes para viver. Que estamos destinados a sentirmo-nos seguros e protegidos ao lado de alguém que queira passar o resto da sua vida ao nosso lado. Que o nosso caminho também será feito de decisões que irão influenciar a nossa vida e que são essas decisões que ditam a forma como ela irá sendo construída aos poucos.
Estamos destinados a reconhecer que, sim, nós escolhemos todos os passos que damos e continuamos a fazê-lo todos os dias em que decidimos que somos dignos de viver a vida que queremos para nós.
Estamos destinados a trabalhar profundamente. A esforçarmo-nos e a tentar alcançar tudo aquilo que pretendemos, apenas com a esperança no nosso coração, seja na nossa vida amorosa, profissional ou em qualquer objetivo que queiramos alcançar.
É verdade que viver não é suposto ser fácil, mas também é verdade que não deve ser tão complicado como muitos de nós acabamos por transformar a nossa vida. Viver não deve ser complicado. Difícil, sim, mas não complicado.
O amor é a expressão mais simples da nossa vivência. É necessário trabalhar nele todos os dias e nem sempre é fácil, mas amar o próximo e a nós mesmos é uma fórmula muito simples de aplicarmos na nossa vida. Se não sentimos que assim seja, é porque estamos a fazer algo de errado. Estamos a pensar de mais, a complicar de mais, quando devíamos simplificar.
Se dar um passo em determinada direção lhe traz mais ansiedade ou algum mal-estar do que felicidade e paz de espírito, então, está a perder o foco da sua jornada nesta vida terrena e está a complicar de mais.
E, às vezes, viver é tão simples como simplificar a nossa vida.