O nosso crítico interior pode ser, muitas vezes, o nosso pior inimigo. Impede-nos de domir, de desfrutar dos pequenos momentos de felicidade, de nos sentirmos gratos pelas pessoas e pela vida que temos. De notarmos tudo o que de bom existe à nossa volta. Às vezes temos uma vida maravilhosa, mas basta uma pequena coisa má para nos destruir o dia e a boa disposição.
Não é fácil lidar com esta voz interior que não passa de um conjunto de pensamentos do que vamos ouvindo, daquilo em que as pessoas à nossa volta acreditam e nos dizem, da mentalidade comum ao ambiente onde estamos inseridos, e, sobretudo, da forma como reagimos a experiências passadas, cuja ideia não corresponde à exata verdade, mas à forma como nos sentimos nesse momento e como comunicamos essa experiência ao nosso inconsciente.
Contudo, quando nós mudamos, as nossas ideias também mudam. E quanto mais experimentamos, mais agimos de forma diferente, mais hábitos diferentes ganhamos e mais ideias distintas acabamos por criar, criando toda uma nova mentalidade.
No caminho percebemos como, às vezes, o que mais nos impede de fazer algo diferente do que costumamos fazer, de experimentar coisas novas, de nos deixarmos de preocupar demasiado, de pararmos de nos identificar com padrões antigos ou até com ideias de que os outros têm de nós, é o nosso próprio crítico interior, aquilo em que fomos acreditando ao longo dos anos.
Quando decidimos questionar-nos sobre aquilo que realmente pensamos, sobre quem realmente somos, estamos a tornar-nos mais críticos, a compreender que o nosso passado e as nossas reações, aquilo que nos disseram ou a forma como fomos afetados por alguma situação ditam aquilo em que acreditamos, o que pode não ser necessariamente verdade, mas que decidimos acolher como tal. Ser capaz de questionar e reciclar aquilo em que pensamos é, sem dúvida, uma forma de nos tornarmos melhores a cada dia.
Esta voz não passa de um instrumento inconsciente, à qual podemos dar importância mas não de uma forma em que deixamos que os pensamentos que nos vêm à cabeça acabem por controlar toda a nossa existência e as nossas ações. Todos os dias nos devemos questionar sobre aquilo em que estamos a pensar, devemos filtrar o que ouvimos e repensar um pouco tudo aquilo em que acreditamos. Não ao ponto de analisarmos tudo demasiado e voltarmos ao mesmo ciclo, mas de forma a vermos tudo de uma nova perspetiva.
Nem sempre tudo é o que parece. Nem sempre aquilo que pensamos é verdade. Está até, muitas vezes, longe de o ser. E quando decidimos criticar aquilo em que pensamos, podemos acabar a descobrir algo novo sobre nós e sobre o que está à nossa volta. Só quando deixamos de nos focar apenas nos nossos pensamentos, nas nossas ideias antigas, em tudo o que nos é dito ou aquilo em que acreditávamos antes, é que começamos a perceber como tudo pode ser diferente do que sempre foi. E isso só depende de nós e das nossas atitudes.