Quando encontramos pedras no caminho sabemos que elas nos querem magoar, mas que as conseguimos arrecadar. Marcamos novos trilhos e desenhamos outras funções. O que tínhamos em mente foi-se, evaporou-se tal como o álcool que fica em recipiente aberto. Desapareceu…
Aquele ser que existiu não volta mais e o novo renasce das cinzas que foram colocadas, de modo estratégico, para que a fecundação do solo seja mais certeira e profunda. Somos a raiz que se estende até ao centro e que não mais irá parar. És a seiva que se elaborou e que solta os frutos.
Desenhamos agora a nossa nova etapa com o fulgor duma adolescência rebelde e sonhadora. Há todo um novo caminho a ser percorrido e que brilha até no escuro de breu. Seguimo-lo com alegria, pois a nossa sapiência dá-nos liberdade para voltarmos a sonhar e a desejarmos ser tudo aquilo que quisermos.
Ainda não sabemos quem somos, mas vamos fazendo novas descobertas. Todos os detalhes se realçam como aquele belo entalhe que alguém esculpiu na madeira e que deixou uma marca intemporal. Um dia foi a tal testemunha, mas o tempo guardou o segredo para sempre. Somos agora quem o conhece.
Os passos podem ser pequenos, mas as conquistas têm sabor de enorme vitória e de coroa de louros que é colocada na cabeça por um César que nos ovaciona de pé. O horizonte é o mais forte parceiro e desafia-nos a toda a hora. Sabemos que vamos conseguir e que o cume, a montanha mágica será atingida por nós.
O que não nos derruba torna-nos mais fortes e os músculos que exibimos são interiores, arrumados em camadas que só os bravos reconhecem e dão valor. Os iguais reconhecem-se e a eternidade mantém o seu som doce, de chamamento impossível de recusar. Fomos e iremos continuar a ser. O que se foi não se perdeu, apenas se camuflou de algo especial.
O castelo, que outrora foi de cartas e tombou ao leve vento, é agora de pedras rijas e sólidas, cimentadas pela dor e pelo amor. A ambiguidade da vida tem em si o condão de dar uma visão apurada e de estender a mão, mesmo que não se sinta, aos que da audacidade fizeram o mote da sua vida.
Os pós de magia espalham-se e deixam ficar o seu rasto nos que, de coração puro e mente aberta, se deliciam com tudo aquilo que a vida ainda tem para oferecer. A imortalidade é apenas uma palavra e viver é a delícia que leva ao clímax.