Gandhi, num dos seus ensinamentos de vida, disse que “devíamos aprender como se fossemos viver para sempre.” Esta afirmação guarda em si a sabedoria de que os seres humanos não estão destinados a parar de crescer e de aprender, mesmo que o nosso tempo na Terra seja limitado. Parte do que nos torna felizes na vida é a capacidade que temos de aceitar novas experiências à medida que envelhecemos, apesar de nem sempre ser fácil de o fazer.
A vida não pára. O stress acumula-se e as nossas responsabilidades, por norma financeiras, levam a que o nosso crescimento como pessoas deixe de ser uma prioridade. Para além disso, ao fim de aproximadamente 22 anos na escola, pensamos que, assim que terminamos os nossos cursos, a nossa fase de aprendizagem está terminada. O que é estranho de pensar, porque não faz muito sentido que apenas um quarto das nossas vidas é que devem ser devotadas à aprendizagem e que, depois, devemos simplesmente viver com o conhecimento adquirido ao longo desse período. É uma ideia errada, mas uma que muitos acreditam ser verdadeira, pelo menos a um nível inconsciente. Só porque a nossa educação formal tenha terminado não significa que o nosso processo de aprendizagem tenha terminado.
Ao longo da nossa vida, aprendemos que os beijos não têm contratos e que andar de mãos dadas não significa para sempre. Aprendemos que a atracção por alguém é apenas uma faísca inicial e não a fundação para algo. Falar é fácil, mas sorrir é maravilhoso. Aprendemos que devemos aprender a ter uma atitude de benevolência para com os outros, porque a maioria das pessoas simplesmente tenta fazer o melhor que sabe.
Aprendemos que os milagres acontecem todos os dias. Todas as leis da Natureza podem ser desafiadas por algo mais poderoso do que os seres humanos. Aprendemos que a sensação de euforia e de êxtase podem ser construídas através dos sonhos. No entanto, dizer adeus, seja para sempre, ou apenas por um mês, muda as situações irremediavelmente. Não nos sentimos completos. Sentimos um nó como se fossemos cordas e a pressão que a tristeza causa obriga as nossas emoções a ganharem vida. Depois, o nó é desfeito, a nossa corda vai desaparecendo e uma nova normalidade é encontrada.
Aprendemos que a ligação mental, física e emocional com outra pessoa não pode ser espelhada, nem copiada, porque todos nós experienciamos as nossas ligações de forma diferente. Aprendemos que palavras que magoam são como carvão a arder nas nossas mãos, mas que, normalmente, são difíceis de serem abandonadas. Aprendemos que ouvir um sentido “desculpa” faz-nos esquecer todos os males que nos fizeram e que somos capazes de dar mais segundas oportunidades do que aquelas que dizemos dar.
Aprendemos que uma carta escrita à mão não é uma promessa e que o perigo e o medo são apenas invenções da nossa mente. Aprendemos que a imaturidade e o egoísmo nem sempre são bons companheiros de viagem. Aprendemos que todos os sentimentos são temporários e que um singelo momento não representa a nossa vida toda.
Aprendemos que as nossas reacções perante determinadas situações representam mais a nossa personalidade do que as nossas palavras. Aprendemos a fazer o que gostamos, mas também que, por vezes, temos de fazer sacrifícios para podermos seguir com a nossa vida em frente. Aliás, algumas das melhores lições de vida que tivemos foram aprendidas depois de termos trabalhado em algo que não queríamos. Aprendemos que a pessoa que menos se preocupa connosco é aquela que, muitas vezes, tem mais poder sobre nós e que ser aquela que mais se preocupa pode levar-nos a, no final, ficarmos magoados.
Aprendemos que a perfeição é como um arco-íris, que pode ser percepcionado, mas nunca pode ser alcançado, nem tocado. Tal como uma miragem num deserto, iremos continuar a perseguir essa perfeição, só para percebermos que não é possível alcança-la. Aprendemos que a perfeição nunca nos irá satisfazer, porque acabamos sempre por nos apaixonar facilmente pelos defeitos.
Aprendemos que tudo o que fomos e tudo o que somos não é tudo o que iremos ser. Não estamos onde estamos destinados a estar, mas encontramo-nos a fazer o caminho para lá chegar. Aprendemos que algumas pessoas são como óculos de sol baratos – giros, engraçados e que servem o seu propósito por um período de tempo, mas, no fim, acabam por desaparecer. São pessoas que acabam por sair do nosso mundo, quando começamos a gostar delas.
Aprendemos que não podemos mudar ninguém, para além de nós mesmos. Aprendemos a ouvir o nosso coração, quando ele fala connosco. Aprendemos que os encontros verdadeiramente importantes na vida são planeados pelas nossas almas muito antes dos nossos corpos se conhecerem. Aprendemos que, na nossa vida, algumas pontes merecem ser destruídas, outras merecem ser atravessadas e algumas são boas para serem fotografadas, mas nunca atravessadas. Algumas pontes simplesmente não irão levar a algum lugar importante.
Aprendemos que a vida, por vezes, é como se estivéssemos num descapotável a 200 km/h, a descer uma recta, só para sermos parados por um caminho sem saída. Está repleta de adrenalina, música alta e vento nos cabelos. Depois, aprendemos que, se algo aparenta ser demasiado bom para ser verdade, é porque, provavelmente, não o é. Aprendemos que a primeira vez em que nos magoamos não é a vez mais dolorosa, nem a que irá demorar mais tempo a sarar. Cada ferida dói e sara à sua maneira. Aprendemos que um desgosto amoroso não é uma âncora, mas sim um propulsor para novas aventuras.
E finalmente, aprendemos a ter o nosso olhar no horizonte, para não cambalear no presente, só por estar a olhar constantemente para o passado. É normal que, às vezes, paremos para cheirar as flores que estão ao lado do nosso caminho e, de vez em quando, peguemos numa e a levemos connosco para termos mais uma razão para sorrir.