Uma nova semana se inicia, depois destes dias tão fortes e intensos, muito graças aos eclipses que vivemos, que nos trouxeram muitas emoções e muitas tomadas de consciência. Nestes próximos dias vamos sentir um aligeirar da energia, com a entrada do Sol em Balança no dia 22 e com o estacionar de Mercúrio que irá sair, nesse mesmo dia, poucas horas antes, trazendo-nos mais leveza de espírito, mais consciência emocional, mas, ao mesmo tempo, o pedido que saibamos continuar a trazer as nossas emoções ao de cima, saibamos aprender a viver com o coração a ser a nossa bússola, em pleno processo de renascimento da nossa verdadeira condição humana.
Talvez o que mais nos caracteriza como seres humanos é a capacidade de integrar e compreender as nossas emoções, potenciando-as e direccionando-as para um determinado propósito. É nesta cadência que tudo o que existe foi criado, pela vontade, pela paixão, pela emoção. É o nosso lado emocional o verdadeiro motor da criação, na interacção com a nossa centelha divina, que eleva até à nossa mente um conceito, uma semente pronta a germinar, e que lá encontra as condições para a manifestação, antes de se tornar algo concreto, antes de se materializar. No fundo, a forma como criamos algo é similar ao modo como o Universo, a Terra, a Natureza, cada animal e planta criam. A grande diferença é que, como o divino, temos em nós uma mente que conceptualiza, que permite a libertação da nossa Centelha, trazendo até à Terra a semente do nosso legado.
É no grande lago das nossas emoções que tudo se gera, que a semente germina e começa a tornar-se algo que, um dia, verá a luz, como no útero de uma mulher que se torna mãe. É esta grande verdade que a Imperatriz, uma das mais emocionais e criativas cartas do Tarot, que nos irá guiar por estes dias, nos vem relembrar. Criar, gerar, é, verdadeiramente, amar, pois é o Amor o alimento de toda a criação. Para criarmos algo nas nossas vidas precisamos de, em primeiro lugar, amar a própria vida, a escolha de alma que fizemos, o desafio de propósito de vida que abraçámos na encarnação. É amando a dádiva da vida que podemos criar algo nela, que podemos construir o caminho que cada dia trilhando. Sem esse amor, tudo o que tentarmos criar será como plantar num terreno árido e não preparado, onde, por muita vontade que exista da semente germinar, não terá condições e morrerá.
Reencontrar no coração a bússola do nosso caminho não é viver em função exclusiva das nossas emoções, tornando-nos cegos e fomentando ilusões. Na verdade, é da conjugação entre mente e coração que a verdadeira consciência se cria. Se o coração é a bússola, é a mente que nos permite interpretar os seus sinais, seguir as suas orientações, criar um caminho, saber onde pisar, de forma a podermos cumprir o nosso propósito. Assim como o rio corre para o mar, também as nossas emoções fluem, mostrando-nos o caminho em direcção ao nosso lado mais divino, mas percorrê-lo de forma a encontrar essa divindade em nós implica escolher, responsabilizarmo-nos, tornarmo-nos criadores da nossa própria vida, algo que é da responsabilidade da mente. Desenfreadas, as nossas emoções são como a natureza livre, que, sem regras nem orientações, ocupa todo o espaço. Por muito belo que seja, por muito natural que tal possa ser, é apenas instinto, selvagem, e tal não é a verdadeira essência da existência humana na Terra.
Nesta semana, no rescaldo de tudo o que temos vivido, olhemos bem dentro do nosso coração e encontremos nele o terreno fértil para plantar as sementes do que pretendemos para as nossas vidas, compreendendo que nele apenas cresce aquilo que necessitamos e merecemos, nunca o que desejamos apenas por luxúria ou comparação. Tal como na Natureza, cada um de nós é único e especial, que necessita não do que o vizinho tem, mas sim do que é realmente importante para cumprir o seu caminho. Reconhecê-lo é olhar para dentro de nós e amarmo-nos na plenitude do nosso ser, é entregarmo-nos à beleza do nosso caminho e buscarmos, incessantemente, aquilo que o nosso coração nos pede. É esse profundo amor que nos envolve e cura, que resgata a nossa humanidade e que poderemos, se assim também o entendermos, projectar para o mundo que nos rodeia, tão sedento de amor, de compreensão, de aceitação.
Boa semana!
Leonardo Mansinhos