Dezembro já chegou, trazendo-nos a sua primeira semana. Chegámos ao último mês do ano, um tempo de muito movimento, sem dúvida, mas também um tempo que nos pede reflexão, entrega e mudança de atitude, de forma a poder olhar um novo ciclo que se aproxima com um outro olhar. O tempo voou, passou a correr, trouxe-nos muitos desafios num ano de mudanças e transformações, que nos tem pedido uma coisa muito simples, olhar para nós mesmos e assumir a responsabilidade da criação do nosso próprio caminho.
Olhemos o mundo lá fora, agitado, nervoso, explosivo. Não só o mundo político, económico, financeiro, as guerras, os jogos governamentais, as eleições e os referendos, mas também, e principalmente, as pessoas na rua, nós mesmos, face às várias situações que vivemos no nosso quotidiano. O ano percorre os últimos dias e a pressão sobre nós é cada dia maior, não por uma maldade superior, mas sim por uma necessidade de mudança, de transformação, que nos está, em cada momento, a ser mostrada, mas que muitos ainda não a querem aceitar nem fazer, presos às suas zonas de conforto, aos seus medos, a um sofrimento que todos os dias acarinham, mimam e preservam.
Nós somos o resultado das nossas próprias escolhas e atitudes, nós somos o edifício que construímos em cada momento, pelas nossas próprias mãos. Ainda que possamos ter factores exteriores a nós que nos influenciam ou moldam, a verdade é que todos os dias escolhemos como lidar com eles, como os vivemos, construindo assim a nossa própria realidade. Esta é, na verdade, a principal mensagem que a carta que nos orientará por esta semana, uma carta fortíssima no Tarot, A Justiça, nos recordará em cada segundo, nos permitirá aceder em termos de consciência e nos mostrará, se assim quisermos ver, que se plantamos girassóis não podemos esperar rosas, assim como se plantamos dor, inveja, zona de conforto, comparação e medo, não podemos, de forma alguma, esperar alegria, amor, sucesso, prosperidade ou outra coisa qualquer.
Viver é, sem dúvida, experimentar, cair e levantar, tentar e mudar, conseguir, celebrar, aquecer o coração e seguir para a próxima etapa, é sentir a dor que nos faz crescer, mas não ficar preso a ela, é ouvi-la ecoar e elevar a nossa alma para o céu, reconhecer a nossa essência e abrir o nosso coração, iluminando as sombras e revelando o nosso Sol Interior. Nem sempre a vida nos traz coisas simples, muito pelo contrário, mas é a atitude com que as abraçamos que muda a nossa forma de as receber. Quando assumimos a responsabilidade do nosso caminho, da nossa vida, quando não fugimos desse compromisso de a vivermos plenamente, de abraçarmos o nosso propósito de vida, ainda que não saibamos bem qual é, conseguimos olhar para cada situação que nos chega com uma consciência diferente, com um foco distinto, não nos deixamos derrotar pelas coisas mais duras, nem encher o ego com as vitórias, conseguimos, sim, subir cada degrau com a convicção de que atrás dele estão todo os que nos definiram, com a gratidão por todos e por cada um, mas com a certeza de que tantos outros nos esperam.
É essa atitude, essa consciência de que a vida é uma experiência profunda, constante e reveladora, de crescimento, de evolução, que nos permite tornarmo-nos melhores humanos. Para tal, é preciso aprender a aceitar a vida, não nos subjugarmos nem nos resignar-nos às suas vicissitudes, mas sim abraçá-las com a consciência de que elas são o resultado de um caminho escolhido, em cada momento, por nós, não só pelas escolhas efectivas e activas, como, e principalmente, pela forma como vemos, vivemos e integramos cada situação nas nossas vidas. É essa vivência que a Justiça nos pede, o assumir a responsabilidade pela nossa vida e o compromisso que ela nos pede em cada momento, aprender com cada situação, integrar a experiência e a aprendizagem, e construir, assim, o caminho da nossa felicidade.
Boa semana!
Leonardo Mansinhos