Setembro já chegou, o mês da reorganização, do regresso ao ritmo de trabalho, da escola dos miúdos, do trânsito caótico e de tudo aquilo que o final do período clássico de férias significa. Este mês trouxe-nos também mais um momento de Mercúrio retrógrado, compreendendo dois eclipses, e esta semana é, precisamente, a semana de interregno entre um e outro, o tempo de reflexão do eclipse do Sol, que se deu há poucos dias, para o da Lua, que se dará na próxima semana, no signo de Peixes, pedindo-nos um profundo trabalho emocional.
Todas as situações que estas últimas semanas nos trouxeram, juntando a um ano tão forte e desafiador como o que estamos a viver, levaram-nos a pensar, sentir e tomar consciência de muitas coisas sobre nós, sobre o nosso percurso, sobre o caminho que estamos a tomar para as nossas vidas. Mesmo os mais incautos e distraídos, os mais submersos no mundo terreno, não passam ao lado de tantas modificações e transformações, muitos deles sendo levados a um enorme despertar sobre si mesmos. Para os outros, os que, de alguma forma, já vão estando atentos e conscientes, este processo é tão intenso que tem trazido, certamente, muitas revelações e percepções. Para ambos, para todos nós, é tempo de mergulharmos dentro de nós mesmos e descobrirmos, se assim quisermos, uma parte importante deste tempo.
Ao longo das nossas vidas, a sociedade, a nossa educação, embora nos tragam bases muito importantes, trazem-nos também grandes restrições. A forma como crescemos condiciona-nos, pois na construção da nossa personalidade, tantas e tantas vezes, estão pequenas estruturas que, com o passar dos anos, se tornam enormes barreiras e gigantescas prisões. Uma delas, talvez a maior, está ligada à vivência das nossas emoções, uma em que a nossa sociedade se tornou pródiga em impor-nos.
No entanto, é preciso compreendermos que, quando somos donos das nossas emoções, quando nas nos restringimos no nosso sentir, quando damos voz à nossa essência emocional, alimentamos a nossa alma com a energia que tudo criou, o Amor. Sermos donos das nossas emoções não significa que não sentimos medo, raiva, mágoa ou tristeza, claro que sentimos tudo isso, pois faz parte da nossa natureza terrena e dual. Contudo, quando o nosso coração nos mostra o caminho, quando estamos de coração aberto, preenchido de amor, de fé e de esperança, tais sentimentos, quando surgem, são parte de uma vivência maior e servem como combustível transformador das nossas vidas, como potências de libertação de processos muito mais interiores e profundos.
O Rei de Copas, a carta que nos irá orientar durante esta semana, recorda-nos que quando deixamos o nosso coração falar, libertamo-nos de amarras, de prisões, de medos e dúvidas, pois ele eleva-nos o espírito e mostra-nos que todas essas barreiras são do ego, da mente condicionada por tudo o que recebeu durante anos e anos. As emoções, ligadas ao elemento Água, são o oceano que nos leva a todos os pontos da nossa existência, que nos conecta com tudo o que existe, que nos lembra que somos partículas divinas que escolheram um caminho de evolução na Terra, e que essa escolha foi feita por Amor, Amor a nós mesmos, às almas que nos acompanham no nosso caminho, Amor ao Pai Criador.
Então, esta semana, sejamos capazes de olhar para dentro do nosso coração, de deixar as nossas emoções fluírem, de sentirmos dentro de nós as escolhas que em cada dia fazemos. Que sejamos, acima de tudo, capazes de nos libertarmos das amarras que nos foram colocadas ao longo dos tempos, de deixar os medos serem dissipados pela certeza de que a nossa escolha é feita, não por uma condicionante qualquer, mas sim porque sabemos, sentimos, que ela é a que nos irá fazer felizes. Nestes dias, que a gratidão possa ser o caminho para a aceitação e para o sentido de merecimento, e que compreendamos que nada poderá preencher as nossas vidas e trazer-nos alegria e felicidade sem tocar o nosso coração e que tal só é possível quando ouvimos a sua voz dentro do nosso Eu.
Boa semana!
Leonardo Mansinhos