Uma nova semana se inicia, a primeira de um novo mês. Vivemos em pleno a energia de Escorpião e, como tal, é de emoções que vamos tratar esta semana. A experiência que temos aqui na Terra é de partilha e de aprendizagem das mais diversas formas de amar. No entanto, esse trabalho começa em nós mesmos, pois sem nos amarmos, dificilmente saberemos amar os outros. Esta é a mensagem que o 2 de Copas, uma belíssima carta dos Arcanos Menores do Tarot, nos traz esta semana.
Quando não nos amamos, apenas vivemos a posse, a preocupação e o controlo, chamando-os de amor, procurando nos outros um colmatar de um espaço vazio que existe dentro de nós. No entanto, isso nada nos traz de positivo, não nos enriquece nem nos permite crescer. No mundo em que vivemos hoje, muitos de nós, em prol de poder, de posses, de materialismo exacerbado ou de carência emocional e afectiva, falamos de amor, dizemos que amamos, mantemos relações e exercemos domínio e controlo para obtermos algo que, por momentos, nos satisfaça. Esquecemo-nos, no fundo, que o amor é uma dádiva, uma partilha ininterrupta que cresce quanto mais se dá. Contudo, a grande questão que hoje se coloca é a de como podemos dar algo que não temos em nós, de como eu posso amar alguém se não me amo a mim mesmo.
O 2 de Copas é uma das mais belas cartas que o Tarot tem, que nos relembra desse maravilhoso princípio, o da partilha que faz crescer. Como uma semente que é plantada e que vai-se multiplicar em tantos frutos que darão incontáveis outras sementes, também o amor precisa de ser plantado primeiro no nosso coração para que o possamos depois multiplicar por todos aqueles que nos rodeiam. Só dessa forma o amor pode, realmente, ser curador das nossas feridas, dos nossos problemas e questões, da nossa própria vida. No entanto, tantas vezes confundimos as nossas carências com amor e, por não sabermos olhar para dentro de nós, reconhecendo-nos como centelhas divinas, o que nos tem sido pedido nas últimas semanas, não somos capazes de plantar em nós a semente do amor por nós mesmos, para que depois o possamos partilhar. Quando tal acontece, mascaramos essa necessidade em preocupação e deslocalizamo-la para os que nos rodeiam, para os nossos filhos, para os nossos pais, para os nossos companheiros e companheiras, para os nossos amigos e tantas outras pessoas e situações, não compreendendo que, dessa forma, nada estamos a dar, apenas estamos a sugar e a consumir.
Esta semana é-nos pedido que sejamos capazes de tomar consciência desta realidade em nós mesmos, de olhar para as relações que temos e verificar se o que estamos a dar é verdadeiro amor nas suas mais diversas formas ou se estamos a fugir das nossas verdadeiras questões, da nossa dificuldade em amarmo-nos, de não nos sentirmos merecedores desse amor, de não nos vermos como centelhas divinas, filhos do mesmo Criador. Preocupação é controlo disfarçado, não é amor, é um desconectar de nós mesmos para irmos buscar ao outro aquilo que não conseguimos, porque não trabalharmos nesse sentido, ter em nós. O que nos é pedido agora é que nos saibamos amar a nós mesmos, é que olhemos para quem somos e nos entreguemos a trabalhar a nossa essência para encontrar a verdadeira fonte de amor, para que não tenhamos de o ir buscar aos outros, tantas vezes à custa de manipulação, controlo e esquemas, ainda que, de forma enganosa, lhes demos outro nome. O primeiro passo para curarmos a nossa essência, para curarmos o nosso espírito e, dessa forma também, podermos verdadeiramente curar o nosso propósito de vida e o nosso corpo físico, é conseguirmos olhar para nós, para o nosso caminho, e reconhecermos essas máscaras do nosso ego, para que as possamos deixar cair, mostrarmo-nos como somos, trabalhar o perdão e, dessa forma, podermos elevar a nossa consciência. Esse, sim, é o princípio do verdadeiro Amor.
Boa semana!
Leonardo Mansinhos