Estamos nos últimos dias do mês, um mês cujas primeiras semanas foram movimentadas e intensas, no seguimento de um início do ano pleno de eventos, alguns não muito simpáticos. No entanto, ao pararmos um pouco vamos também sentir que, apesar de continuarmos a viver tempos desafiadores, há uma direcção que se começa a desenhar, um rumo que nos começa a ser solicitado, e que para que tal possamos abraçar é preciso que saibamos mudar a nossa perspectiva, mudar comportamentos e, dessa forma, também fechar um ciclo e compreender a plenitude do que a nossa vida nos está a trazer. Essa é a mensagem que o 10 de Espadas nos traz esta semana.
O Sol entrou no signo de Peixes e, como tal, há um ambiente mais emocional, mais profundo, mais contemplativo, que nos pede que compreendamos o caminho percorrido, que retiremos as ilações de tudo o que temos feito nos últimos meses, pois um novo equinócio e um novo ano astrológico de avizinha. Por isso, também, há um lado da nossa mente que temos de ter em atenção e compreender, de forma a poder trabalhá-lo. Acreditamos, ilusoriamente, que podemos controlar as nossas emoções, mas o que na verdade fazemos é usar a mente para criar barreiras à volta do nosso coração, de forma a nos defendermos de algo que, pensamos, nos irá fazer mal, de mais sofrimento. Nessa tarefa, damos uma força ao ego que faz com que a nossa energia mental, a que tudo cria e que tudo planeia, seja desvirtuada e focada numa amplificação dos nossos medos, dos nossos receios, das nossas dúvidas, levando-nos a viver cada problema com um sofrimento maior e desnecessário, impedindo-nos de ver que tudo o que nos é colocado no caminho tem um propósito e que só precisamos de mudar a nossa forma de ver a vida para compreender que, tantas vezes, são esses mesmos “problemas”, e as suas correspondentes aprendizagens, que nos mostram a luz no nosso caminho e nas nossas vidas.
O 10 de Espadas relembra-nos que, muitas vezes, depois de grandes dificuldades e provações, depois de tropeços e algumas quedas, por defesa, adoptamos uma visão mais defensiva, negativa e dramática perante a vida. A dor é transformada em sofrimento e a fé e a esperança dão lugar à agonia e ao drama, fazendo com que tornemos um problema em algo muito maior do que realmente é, impedindo-nos de ver que, por mais escuras que sejam as nuvens no céu, há sempre por detrás delas um sol radioso. Por vezes a jornada é dura, sem dúvida, mas todos os caminhos, se assim quisermos, são de aprendizagem. Se caminharmos sempre a olhar para baixo, à procura das pedras e dos buracos, nunca seremos capazes de apreciar o próprio caminho, a paisagem que nos rodeia, o sol que nos aquece, e, dessa forma, pensaremos sempre que o caminho é apenas dor, sem qualquer beleza nem propósito. Quando mudamos o nosso olhar, quando transformamos a nossa forma de encarar a vida, fechamos também um ciclo, mudamos a nossa consciência e compreendemos que é a mente que nos permite criar as mais maravilhosas e belas coisas nas nossas vidas, mas que, para tal, não podemos continuar a alimentá-la com preconceito, com medo, com dúvida, com inveja, mas sim com amor, com dedicação, fé, esperança e entrega.
Nesta semana, olhemos para as nossas vidas e tomemos consciência da forma como olhamos e pensamos as coisas que vivemos. Estaremos em pleno a alimentar a nossa mente da forma correcta ou, na verdade, ainda existem partes de nós mesmos que vemos com negatividade, com medo, drama e dúvida? Quantas situações estamos a amplificar, a ver da forma errada, a considerar como um obstáculo e a não ver que, na verdade, são um degrau que nos impulsiona a algo maior e melhor? É neste sentido que podemos aproveitar esta semana para fechar um ciclo de consciência e aprendizagem, de compreensão de nós mesmos e de mudança. Esta época da quaresma, em termos energéticos, é muito intensa, com muitas armadilhas para a nossa mente e para o nosso ego, com muitas provações e questionamentos, pois o grande propósito é que sejamos mais vigilantes com os nossos pensamentos e emoções, com o que pretendemos para o nosso caminho, limpando tudo o que não mais nos auxilia a crescer, trazendo amor aos nossos corações, compaixão e perdão, pois sem estes ingredientes jamais conseguiremos ser felizes.
Boa semana!
Leonardo Mansinhos