Ontem vivemos a Lua Nova, o momento de plantio, de colocar as nossas sementes na terra e cuidar para que se tornem nas árvores que irão dar os frutos que pretendemos para as nossas vidas. Esta Lua Nova, no signo de Gémeos, teve uma característica especial, já que Sol, Lua e Vénus estiveram em perfeita conjunção, em total harmonia, no momento exacto deste evento, o que nos eleva para uma dimensão de profunda consciência emocional, de trabalho ao nível da ponte entre o nosso coração e a nossa mente. Não se trata apenas de abrir o coração, como tantas vezes nos tem sido dito, mas compreender que, quando o tornamos num verdadeiro portal, ele permite-nos conhecer e revelar os nossos próprios enigmas e segredos, ele permite-nos compreender a nossa capacidade de criar e gerar, baseados na mais bela e essencial premissa, a do Amor. Essa é a mensagem que a Imperatriz, a carta que nos irá orientar durante esta semana, nos traz.
Um dos mais importantes, embora também mais difíceis, processos que temos de abraçar é o de tomar consciência sobre nós mesmos, sobre a nossa natureza divina, sobre as nossas capacidades e, dessa forma, colocarmo-nos no centro de nós mesmos. Quando o fazemos, libertamo-nos de muito do que o mundo exterior nos tenta impor, e das suas reflexões directas, deixamo-nos de comparar com os que nos rodeiam, algo que, invariavelmente, consciente ou inconscientemente, nos leva à inveja, à crítica, ao julgamento, atitudes que a ninguém traz paz de espírito, amor ou crescimento. No entanto, também é necessário compreender que essa tomada de consciência nunca pode começar fora de nós, mas sim bem dentro, no mais profundo do nosso ser, na nossa essência. Tomar consciência do nosso caminho, das nossas capacidades, atravessar as nossas sombras para colocar-lhes uma semente de luz, é construir uma ponte entre o nosso coração e a nossa mente, pois essas mesmas sombras são reflexos dos nossos bloqueios, dos nossos medos, pontos que precisam de ser trabalhados através de Amor para que possamos aceder ao seu verdadeiro papel nas nossas vidas. Como um diamante que se esconde dentro duma pedra escura, as nossas sombras carecem de trabalho, cuidado, dedicação, não em prol do enobrecimento da sua casca preta, mas sim da paciente e meticulosa limpeza e lapidação, de forma a atingir o interior valioso.
A Imperatriz é a carta que, nos Arcanos Maiores, nos traz a energia da Natureza, da nossa Mãe energética, a que nos acolhe e cuida de nós. Ela é a fonte de todas as emoções, a beleza da criação, que nos lembra que sempre nos é dado tudo o que necessitamos, em todos os momentos das nossas vidas, mas que nos cabe a nós conseguir ver e reconhecer tal dádiva. É dentro do nosso coração que estão os grandes tesouros, as ferramentas que trouxemos para esta vida. Quando nos centramos em nós mesmos, quando reconhecemos a nossa natureza, quando aceitamos os ciclos da nossa própria vida, abrimos o nosso coração à vida, abraçamo-la, sentimo-la, criamos a tal ponte entre o coração e a mente e damos ao nosso lado mais consciente a capacidade de aceder à nossa centelha divina. Dessa forma, capacitamo-nos de não viver mais sob o jugo dos medos e das dúvidas, das prisões que esses pensamentos geram em nós, do seu veneno que nos corrói e nos adensa a existência. A Imperatriz recorda-nos constantemente que, ao sermos parte da Natureza, então precisamos de funcionar como ela, respeitando os seus ciclos, a sua fluidez, a sua sabedoria, compreendendo que criar algo nas nossas vidas, que seja frutuoso, verdadeiro, concreto, só pode ter como origem o nosso próprio coração, nunca os medos, nunca o domínio do ego, nunca o materialismo e o apego, sempre o espírito.
Esta semana é-nos pedido que saibamos ouvir o nosso coração perante todas as situações, que saibamos dar-lhe o devido espaço e a devida voz. Tudo o que formos vivendo, intenso ou simples, exige que paremos um pouco para não sermos assolados nem manipulados pelos nossos medos, permitindo-nos ouvir e seguir o que o nosso coração nos for indicando. Esta vivência, esta atitude, é a manifestação do mais belo e simples amor, aquele que está na base e no fundamente de quem somos, de tudo o que nos criou. Saber ouvi-lo é criar a ponte que o liga à nossa mente, que apazigua os nossos receios, que nos abraça, nos envolve em paz, em serenidade, perante todas as coisas que a vida nos traz. Embora, por vezes, tal nos cause algum medo, deixar falar o nosso coração é trazer até nós a nossa essência, a nossa mais profunda individualidade, é libertar o nosso espírito de forma consciente. A mente não é a nossa inimiga, pelo contrário, mas sem esta ponte ela torna-se um peso e um bloqueio no nosso caminho.
Boa semana!
Leonardo Mansinhos