Uma nova semana se inicia, na continuação destes últimos dias, muito movimentados, intensos e imprevisíveis. De repente, como que uma luz que se acende numa sala escura, após aquele ofuscamento inicial, começamos a perceber que todas as escolhas implicam responsabilidade e que, escolhas feitas, podemos até voltar atrás, mas algo ficou, uma compreensão, uma lição, como uma tatuagem que até podemos apagar, mas dificilmente esquecemos que ali esteve. Então, há que seguir em frente, há que continuar o caminho, há que perceber que todas as escolhas são válidas e direccionam-nos a algum lado, que a consciência com que as tomamos é que dita o seu efeito sobre as nossas vidas e que, acima de tudo, a vida é um caminho que exige ser continuamente trilhado, não dá para parar, não dá para fazer pausa para continuar mais tarde. Essa é a mensagem que o 6 de Paus nos traz para esta semana.
Marte, nos céus, termina, a meio desta semana, “oficialmente”, o seu movimento retrógrado, começando a acelerar e a voltar à sua energia natural. A pressa é inimiga da perfeição e leva-nos sempre a locais onde, tantas vezes, acabamos por nos arrepender de ter colocado os pés. No entanto, tempos como os que vivemos nas últimas semanas são o exemplo de como, cada dia mais, precisamos de ouvir o nosso coração e libertar-nos das necessidades de controlo, dos apegos, dos nossos próprios vícios. É dessa forma que, na caminhada que é a nossa vida, compreendemos cada passo como uma vitória, olhamos cada encruzilhada com o discernimento da consciência, a ponte perfeita entre a mente e o coração. O que temos visto no mundo, assim como em nós mesmos, nas últimas semanas, é uma pressa desenfreada, alimentada por certezas absolutas que, agora, se revelam apenas radicalismos sem fundamento, fomentadas pelos nossos medos, apegos e carências. Para quem teve a capacidade de ouvir o seu coração, de lhe dar voz e parar para compreender o que estava à sua frente, à sua disposição, o que, no fundo, estava em jogo no tabuleiro da vida, então os caminhos agora se abrem, a Luz ilumina cada passo, a energia que estava diminuta e esgotada volta a sentir-se. Contudo, independentemente da consciência e do discernimento, é tempo de seguir em frente, de fazer novas escolhas, de aceitar a responsabilidade de cada acto e direccionar a nossa atenção para o que, realmente, importa.
Pela segunda vez neste mês o 6 de Paus surge como carta orientadora da semana, relembrando-nos que todos os caminhos são caminhos de vitória, seja ela de que natureza ou origem for, pois todos os passos são reflexos de escolhas, que cada escolha implica uma responsabilidade. No entanto, também é importante perceber que nunca é tarde para fazer uma nova escolha e, no fundo, é isso que nos estará a ser mostrado esta semana. Para o podermos fazer e ter novos resultados, diferentes e melhores, precisamos, contudo, de nos recordarmos do caminho feito, não o ignorar, aceitá-lo em toda a sua latitude, recolher cada lição, cada mensagem, cada insight. Se assim o fizermos, temos nas nossas mãos a capacidade de fazer novas escolhas, limpar as nossas vidas do que não mais interessa, libertando-nos de apegos, medos e dúvidas, saindo da tempestade, pois ainda que um pouco maltratados, de velas rasgadas e partes do navio a precisarem de reparação, sair da tempestade é, por si só, uma vitória.
Nesta semana somos convidados a olhar para o nosso caminho e a redefinir as nossas escolhas e as nossas prioridades. Abrir o coração tem sido a mensagem que mais tem sido transmitida nestes últimos tempos, mas agora não se trata apenas disso, pois essa é apenas uma pequena parte de tudo o que agora precisamos de viver. Os tempos não são fáceis, como já temos vindo a perceber, com muitos desafios, muitas barreiras e obstáculos a ultrapassar, muitas charadas, mas também muitas descobertas, muitas experiências, vivências e vitórias. Abrir o coração tem de ser, primeiro, para nós mesmos, pois sem nos amarmos profundamente não podemos aceitar todas as escolhas já feitas, nomeadamente aquelas que olhamos como erros, que nos trouxeram dor, dúvida e medo. Só com o coração aberto, em amor por nós mesmos, podemos aceitar cada caminho e olhar para cada um deles como verdadeiros mestres, que tanto nos ensinaram, olhando, no fundo, cada trajecto como uma vitória, permitindo-nos, assim, de mente também aberta, desenhar novos caminhos, dizer os nãos necessários, afastarmo-nos das energias, pessoas e situações que nos fazem mal, libertarmo-nos e, dessa forma, podermos encontrar a verdadeira vitória, a que nos traz felicidade, harmonia e paz, a do nosso propósito.
Boa semana!
Leonardo Mansinhos

