A primeira semana de Julho começa com a Lua Nova no signo de Caranguejo. Qualquer Lua Nova é um momento de sementeira, de intenção e de entrega, mas no signo de Caranguejo, em que a Lua se sente tão em casa, cada semente plantada encontra um ventre que a acolhe e dela trata para que possa gerar, crescer e trazer à Luz um propósito, um desejo, um pedido. Plantar uma semente é fácil, o verdadeiro desafio é cuidar dela, alimentá-la, protege-la e esperar que ela cresça, se fortaleça, dê flores, frutos e novas sementes. Nutrir não passa só pelo lado emocional, tão característico do signo de Caranguejo, mas também, e de forma crucial, pelos nossos pensamentos, e é esse o cuidado para o qual nos alerta a conexão desta semana, com o 9 de Espadas a orientar-nos pelos próximos dias.
Quando definimos um propósito, um objectivo, quando formulamos um desejo para as nossas vidas e o sentimos no nosso coração, materializamo-lo na nossa consciência, como a tal semente que é plantada num vaso e que começa a receber os nutrientes da terra, a base da concretização. Depois disso, ela precisa de outro alimento, aquele que vai amplificar as capacidades do terreno e permitir à semente rasgar a casca, criar raízes e crescer. Nos nossos propósitos e desejos, no que pretendemos para as nossas vidas, não chega apenas sentir no coração a vontade de algo, é preciso recordar que é na mente que tudo se manifesta antes da materialização, que se essa semente não receber nutrição de pensamentos saudáveis, construtivos, de crença, de fé, de esperança, ela dificilmente encontrará a fertilidade que necessita para crescer. Da mesma forma, é preciso perceber, nestes tempos tão movimentados e intensos, onde estão os nossos pensamentos, como está a funcionar a nossa mente, compreender se ela está direccionada para nós mesmos, para o nosso crescimento, para o nosso cuidado, para os nossos objectivos, ou se continuamos nos velhos padrões e hábitos de preocupação com os outros, com o que os outros dizem, fazem ou espelham, assim como com a vida que os outros escolhem, por muito que nos sejam próximos, pelos caminhos que traçam.
O 9 de Espadas, a carta que nos rege por estes dias, recorda-nos precisamente desses padrões que alimentamos e mantemos, que são autêntico veneno para o nosso crescimento, para o atingir dos nossos objectivos. Olhar para dentro de nós, compreender o que é necessário para chegarmos onde desejamos, atingir um determinado patamar, mudar de trabalho, melhorar a nossa vida financeira, o nosso relacionamento ou a nossa saúde, nem sempre é fácil, mas é essencial, pois sem essa reflexão, essa entrega a nós mesmos, dificilmente chegaremos a lado algum. Olhar para dentro de nós não é fácil, pois obriga-nos a olhar para as nossas sombras, recebê-las no nosso Eu, iluminá-las com a nossa Centelha Divina e compreender o porquê de elas existirem neste caminho da nossa encarnação. É um processo duro, intenso e transformador, contudo imprescindível ao nosso crescimento e evolução. Quando não queremos mexer nesse lado mais sombrio, mais escuro, preferimos ignorá-lo, focando-nos nos outros, nomeadamente naqueles que amamos, que nos são queridos, preocupando-nos com eles, fazendo tudo para, supostamente, os ajudar, sem compreender que o único caminho que podemos fazer é o nosso, que se queremos ajudar alguém, precisamos, primeiro, de nos ajudar a nós mesmos. Quando este comportamento se torna um padrão, um hábito, precisamos de mergulhar ainda mais profundamente em nós e compreender o porquê de ele existir, compreender que derrotas existiram no nosso caminho que nos levaram a tentar colmatá-las através dos outros, que dores vivemos, que ficaram marcadas na nossa memória, que nos criaram culpas, medos e receios e que, através dos outros, tentamos corrigir.
Esta semana, recordemo-nos que a Lua Nova esconde-se para ir colocar no seu lado mais escuro e profundo as sementes que a ela entregamos. Como um receptáculo, como um útero que guarda em si um ser que, um dia, se mostrará a nós, ela não escolhe, não selecciona, ela simplesmente recebe, como uma verdadeira mãe, no seu ventre, e recebe o alimento que lhe dermos. Por isso, nestes dias, é preciso termos atenção aos nossos pensamentos, aos nossos comportamentos e padrões mentais, ao foco da nossa mente. Será que nos estamos a ocupar de nós mesmos, do nosso caminho, dos nossos objectivos e propósitos? Ou será que, pelo contrário, estamos a preocupar-nos tão intensamente com os outros que acabamos por nos esquecer de nós mesmos? Podemos viver a nossa vida, pensar em nós e ajudar quem nos rodeia, quando assim nos solicitam essa ajuda, quando nos pedem esse auxílio. Pensar em nós e dedicarmo-nos a nós mesmos não é sinónimo de egoísmo ou arrogância, mas sim de compreensão da nossa existência terrena, entendendo também que não podemos dar o que não temos, não podemos esconder-nos da nossa própria vida, não podemos desresponsabilizar-nos da escolha profunda que nos trouxe até esta vida, nomeadamente sob o pretexto de outros, de os ajudar ou auxiliar. Se conseguirmos olhar e trabalhar primeiro em nós, então saberemos focar-nos nos nossos propósitos, alimentar os nossos objectivos e desejos, fazer as nossas sementes crescer e, dessa forma, também auxiliar quem de nós necessite verdadeiramente.
Boa semana!
Leonardo Mansinhos