A semana começou, pelo menos em Portugal, em euforia, com ânimos elevados e um espírito mais reforçado. A Lua crescente reforça toda esta energia, permitindo-nos expandi-la, demonstrá-la e senti-la à nossa volta. No entanto, todo este momento pede-nos também para tirarmos algumas conclusões, compreendermos algumas questões da nossa vida, aprendermos um pouco mais com tudo o que temos experienciado e, acima de tudo, mudarmos o nosso rumo. Para o fazer, precisamos de parar, precisamos de quebrar padrões e ciclos viciosos de medos, dúvidas e bloqueios, pois só dessa forma conseguiremos olhar o nosso mundo com outro olhar e fazer um caminho diferente. Essa é a mensagem que o 10 de Paus nos traz para nos orientar esta semana.
Toda a energia vivida nestes últimos dias mostrou-nos muitas coisas, nomeadamente que vamos carregando ideias, estigmas e convicções, que só podem ser deitados abaixo com fé, esperança, crença em nós mesmos e muita entrega e dedicação. O caminho na Terra nem sempre é pacífico nem simples, nem sempre é suave nem simpático, nomeadamente porque este estágio tem como grande base o sacrifício, que pode ser vivido como sofrimento, de forma negativa e derrotista, ou, pelo contrário, como um caminho profundo, difícil, é certo, mas de resgate de nós mesmos, compreensão absoluta dos nossos desafios e regeneração.
Não é num movimento constante, vivendo esta energia do sacrifício e da dor em modo contínuo, carregando nos nossos ombros o peso de todas as responsabilidades, simplesmente porque uma sociedade, um mundo, um grupo que exerce poder assim nos educa, nos impõe a sua verdade, ao mesmo tempo que nos tenta, com muito sucesso, castrar a nossa própria, fazendo com que, a partir de um determinado momento, eles próprios já não necessitem de fazer nada, pois nós, sozinhos, já nos impomos os limites, já sonegamos a nossa própria liberdade, já assumimos a derrota sem sequer termos ido à batalha. Então, nestes tempos, tal como agora nos é pedido, é preciso parar, é preciso respirar, largar a bagagem que temos vindo a carregar, que já nem sabemos bem o que tem lá dentro, reorganizá-la, limpá-la, deitar fora o que já não necessitamos e o que podemos, para poder novamente seguir caminho, um caminho escolhido com nova consciência, pois finalmente, nesse tempo em que estamos parados, podemos focar-nos nele, olhá-lo, observá-lo e escolher para onde devemos seguir.
O 10 de Paus representa a energia de transição entre um ciclo e um novo olhar sobre nós mesmos. Ele relembra-nos que, na ânsia de tentar viver, de tentar fazer, de tentar ser, esquecemo-nos de fazer tudo isso, entramos em ritmos descontrolados, em vícios, padrões e hábitos que nos consomem toda a energia. Para quebrar tal ciclo, temos de contrabalançar essa energia de desligamento, de acção sem propósito, focando-nos em nós mesmos, olhando para nós, amando-nos profundamente. Tal só é possível quando paramos para sentir quem somos, para acreditarmos em nós mesmos, para enchermos o coração com um sentimento puro, profundo e belo, o do Amor, que começa em nós mesmos, que acende a nossa Centelha Divina, que nos abre a consciência sobre quem somos e qual o nosso caminho.
Plenos desta energia, nesta semana, temos a capacidade de ver para além de nós mesmos, para renascermos dos nossos próprios padrões e hábitos, graças à dedicação, à entrega e ao sacrifício de escolhermos um caminho diferente, de pararmos para nos reorientarmos. Não é um processo fácil, sem dúvida, até porque o caminho fácil, certamente, pois manteve-nos nas nossas zonas de conforto, foi aquele que nos levou aos padrões, aos hábitos e à infelicidade, mas é absolutamente necessário para podermos resgatar a nossa verdadeira vida, a nossa verdadeira missão. Agora é tempo de aproveitar esta energia e elevá-la em nós, entregando-nos, acima de tudo, a viver o nosso próprio caminho, a sermos nós mesmos.
Boa semana!
Leonardo Mansinhos