Num ápice, chegámos ao final de 2016, um ano intenso, cheio de desafios e muitas vezes conturbado, um ano que nos tem pedido tanto, que nos tem mostrado tanta coisa sobre nós, sobre o mundo que nos rodeia, sobre o caminho que estamos a percorrer. Prestes a entrarmos num novo ano, é tempo para olharmos para o que temos vivido e delinear trilhos, escolher, decidir e compreender os próximos passos a dar, olhar para o futuro com o olhar do agora.
O final de um ano é sempre um tempo de alguma reflexão, planeamento e definição de objectivos. Sabemos que, maior parte deles, ficam pelo caminho, logo nos primeiros dias do novo ano, pois embora os tenhamos definido e, de certa forma, até nos tenhamos motivado para os abraçar, a verdade é que não nos comprometemos, não nos entregamos, não os sentimos com a devida reflexão, com a profunda importância que têm para nós.
No entanto, tudo nestes últimos meses nos tem levado para um ponto importante, o da tomada de consciência sobre o caminho das nossas vidas, sobre o ponto a que chegámos, sobre o que pretendemos para nós e como o iremos obter. Já não é possível fugirmos da responsabilidade do percurso feito, já não é possível apenas empurrarmos para os outros, para os pais, para o vizinho, para os patrões e colegas, para os governos ou para o mundo, a culpa do que nos acontece, do que vivemos, do que passamos.
É preciso compreender que somos nós os criadores da nossa realidade e que é assumindo essa responsabilidade que poderemos perceber melhor como a transformar. Viver uma situação difícil ou desafiadora, uma dor, um sofrimento ou uma perda não é um castigo, é algo que faz parte do nosso caminho, mas à qual não nos devemos submeter e resignar, pois o seu fundamento é, na verdade, o de nos ensinar algo, de nos ajudar a construir quem somos, a mostrar as nossas capacidades. Se formos capazes de ver cada trilho que pisamos desta forma, transformaremos a nossa realidade e conseguiremos, também, mudar a nossa vida, pois conseguimos mudar a perspectiva com que a encaramos.
A Justiça, a carta que nos vem acompanhar por estes dias até ao final do ano, pede-nos que sejamos capazes de fazer um ponto de situação, um balanço nas nossas vidas. Este é o tempo de o fazer, sem dúvida, mas o que esta carta nos pede é que o façamos com a devida clareza, com o esclarecimento necessário, com a responsabilidade e a entrega que um novo ciclo nos exige. Só dessa forma poderemos abraçar os desafios que nos são colocados e potenciá-los, elevá-los e transformá-los, para que se tornem a massa com que vamos criar e moldar a nossa realidade, que precisa de ter a consistência correcta para poder suportar novos caminhos, novas decisões.
Sejamos capazes, nestes dias, de parar um pouco e focarmo-nos em nós mesmos, numa meditação, numa reflexão profunda, para compreendermos e aceitarmos o caminho que foi feito, mas também para percebermos todas as mensagens e sinais que nos foram entregues. A verdadeira mudança começa dentro de nós, dentro do nosso coração, e por isso ele tem de ser aberto ao novo caminho, pois é dentro dele que está a verdadeira Luz que nos guia, não uma qualquer exterior, não o que os outros nos dizem ou pretendem para nós, mas sim o que vemos e acreditamos sobre nós mesmos.
O novo ano trará, com toda a certeza, muitos desafios, muitas provações, muitos degraus para subirmos, mas é com esta consciência, com o coração aberto, com a responsabilidade e o compromisso de sermos apenas nós mesmos, sem mais capas nem máscaras, abraçando a nossa própria vida, que conseguiremos fazer de cada dia do próximo ano um novo raiar de uma luz única, de uma beleza singular. O balanço que nos é pedido não é apenas uma listagem do que temos e não temos, do que pretendemos obter e do que queremos limpar ou eliminar, é um contrato connosco próprios, um assumir de uma Centelha Divina, de uma Alma, e que apenas com esta consciência poderemos encontrar a verdadeira felicidade.
Boa semana e um excelente 2017!
Leonardo Mansinhos