Há sensivelmente duas semanas Sol e Lua alinharam-se para um Eclipse Lunar, o primeiro do ano, mas hoje, mais propriamente há alguns minutos (do momento da publicação deste artigo), temos o primeiro Eclipse Solar Parcial, com Sol e Lua no Signo de Aquário, continuando um trabalho de libertação e purificação de tudo o que trazemos e carregamos que precisa de ser limpo e revisto, integrado e traduzido, aquelas mesmas coisas que, de forma mais ou menos consciente, temos percepcionado e sentido nestes últimos dias, que agora começam a tornar-se mais claras e mais evidentes.
Quando a Lua cruza o Sol, eclipsando-o, o consciente é visto pelos olhos do inconsciente, as sombras são iluminadas, o que estava escondido revela-se na sua plena forma, e, para aqueles que não tiverem medo de olhar para dentro de si mesmo, as grandes surpresas e revelações acontecem. Na verdade, todos nós, na nossa humanidade, aquela que Aquário nos vem ensinar, temos medos, temos dúvidas, receios e anseios, temos aquilo que, aos olhos dos outros, podem ser imperfeições. Da mesma forma, aos nossos olhos, os outros têm essas mesmas falhas, essas mesmas imperfeições, esses defeitos, como tantas vezes temos tendência a chamar.
Este momento, no seu esplendor de trabalho, neste cruzar magnífico entre a consciência mental e a consciência emocional, permite-nos compreender esse efeito de espelho que tantas vezes referimos, mas que tão poucas vezes entendemos e integramos. Neste tempo em que vivemos, o outro, espelho de nós mesmos, nas imperfeições que lhes vemos, mostra-nos o que em nós não sabemos viver, aceitar ou amar, mostra-nos o que tentamos esconder, mas que agora é, cada vez mais e com mais força, trazido ao de cima. Então, é o tempo também de fazer essa reflexão e entender o que a vida nos quer mostrar.
Quando nos permitimos olhar para nós mesmos, seja através de reflexões e dum mergulhar profundo, ou mesmo através do outro, temos a capacidade de trabalhar a nossa individualidade, a nossa identidade. No fundo, foi isso que o eclipse anterior abriu e nos solicitou, que agora podemos fazer com maior consciência, com maior entrega. Sermos nós mesmos implica respeitarmos, aceitarmos e amarmos tudo o que somos, todas as nossas dimensões e corpos, revelando-os nas suas essências mais sublimes e plenas. Quando o fazemos, tornamo-nos verdadeiros criadores da nossa vida, pois escolhemos iluminar o mundo com a Luz do nosso Espírito, trazido através da nossa Alma, materializado através do nosso corpo.
Todo esse trabalho implica também curarmos a nossa relação com quem somos, com o nosso propósito, mas também com o veículo, o corpo físico, manifestação da nossa humanidade, do qual muitas vezes nos esquecemos, que maltratamos e negligenciamos, que esquecemos ser o nosso mais perfeito e maravilhoso templo, aquele que mais precisamos de cuidar e de trabalhar. O que tantas vezes olhamos como imperfeição é, na verdade, uma obra divina, que precisa de Luz do Espírito, de Amor e de entrega. Se conseguirmos olhar para nós como esse templo divino e magnífico, então encontraremos em nós a Humanidade que nos trouxe até aqui e saberemos cuidar de tudo o que somos e do que nos rodeia, pois veremos em cada um dos que convivem connosco, em cada ser que está à nossa volta, a divindade que existe, a Luz que revela, o templo que também são e, dessa forma, elevar a nossa própria existência.
Leonardo Mansinhos