No nosso caminho terreno, na nossa viagem evolutiva, quem é que nunca desejou que alguém lhe tivesse dito que não era suposto estarmos sempre a enfrentar os mesmos problemas, os mesmos medos e os mesmos desafios vezes sem conta?
Quando somos capazes de ajustar os nossos comportamentos e a nossa forma de pensar, acabamos por avançar de antigos para novos problemas. As nossas problemáticas só se mantêm estanques, sempre que não tentamos resolver a raiz dos nossos problemas. Por isso, muitas vezes o nosso caminho para a nossa cura emocional parece não ter fim.
De cada vez que somos confrontados com um problema numa relação, pensamos que este obstáculo só nos é colocado para conseguirmos sarar alguma ferida. Vemo-nos presos numa espiral de pensamentos negativos e assumimos a responsabilidade de continuarmos a trabalhar em nós internamente. Seguimos os mesmos processos sempre que somos confrontados por circunstâncias, sentimentos e bloqueios familiares.
Não nos apercebemos que estamos sempre a ir ao encontro das mesmas questões vezes sem conta. Em vez disso, olhamos para cada um destes momentos como um sinal de que devemos fazer uma introspecção e tentar mudar. Começamos a pensar que a nossa cura é uma viagem de uma vida inteira, mas, a verdade, é que não deveria ser.
É aqui, neste momento, que conseguimos, pela primeira vez, reconhecer os nossos padrões, identificar as limitações das nossas estruturas mentais e tornamo-nos capazes, em certa medida, de perceber o que queremos das relações que criamos para nós. É o momento em que, pela primeira vez na nossa vida, começamos a dar-nos espaço a nós mesmos para sentirmos as nossas emoções, de vivê-las e compreendermos o que as faz sobressair. Pela primeira vez, somos capazes de reconhecer o que se encontra entre nós e a vida que queremos ter.
Todo este processo é importante e necessário, mas não é o que nos irá ajudar a longo prazo.
Muitas vezes, quando pensamos que precisamos de ser curados, o que realmente procuramos é uma sensação de alívio e de conforto. Procuramos um escape e um pouco de tempo para reflectir. Apesar do conforto ser uma parte importante deste processo, a verdade é que não é o seu objectivo final. Em vez disso, devemos tentar encontrar algo mais duradouro do que uma cura momentânea. Devemos encontrar o nosso crescimento.
Curarmo-nos é regressar ao que éramos. Crescermos é transformarmo-nos naquilo que poderemos ser.
O nosso crescimento só acontece, quando olhamos bem para nós mesmos e empenhamo-nos profundamente a mudar o nosso comportamento – não apenas por um bocado, não apenas para nos sentirmos melhor, mas para sempre. É o que acontece, no momento em que nos responsabilizamos pela nossa vida. É o que acontece, no momento em que algo em nós é completamente desperto. No momento em que nos apercebemos que os nossos pensamentos derrotistas, os nossos comportamentos e as nossas reacções são o que nos tem retido mais do que qualquer pessoa ou qualquer acontecimento.
Existe uma distinta diferença entre cura e crescimento. Passamos mais tempo a curar-nos de algo que nos magoou e muito pouco a crescer com essa dor.
A cura ajuda-nos a voltarmos a ser quem éramos, mas isso é exactamente o que não necessitamos. Não necessitamos de sarar de um desgosto amoroso, se isso significar que iremos voltar a escolher alguém que não é compatível connosco. Não precisamos de nos curar dos nossos defeitos, se isso significar voltarmos a ter comportamentos que nos magoam. Não precisamos de curar a nossa falta de auto-estima, se isso significar que iremos voltar a duvidar das nossas capacidades.
O que precisamos é de crescer de forma real e sentida.
Não precisamos de estar rodeados de pessoas que nos levem constantemente para as mesmas circunstâncias que estamos a tentar mudar. Precisamos de mais pessoas que nos elevem e que nos lembrem que:
Podemos andar para trás ou seguir em frente.
A verdade é que todos nós, eventualmente, iremos ter um momento de lucidez, um momento em que temos de decidir se iremos fazer algo para ultrapassar as nossas circunstâncias ou se iremos ser derrotados por elas. A escolha é só nossa.
Bom dia!
Interessante reflexão…
Revejo-me neste texto…
Preciso crescer…
Grata!
Sónia