A diferença entre realidade e perspetiva é, por vezes, pouco percetível. Porque estamos tão habituados a ver tudo de uma maneira, torna-se complicado tentar pensar quase como se nos desligássemos de quem somos. Há, no entanto, várias formas de ver a mesma coisa, já que o que nos rodeia não é uma imagem nítida e estática.
Cada um de nós vê aquilo que previamente está mais predisposto a notar. Somos influenciados pelo nosso passado e experiências que tivemos, quando olhamos para qualquer coisa. Porém, somos ainda mais sugestionados pela maneira como pensamos, a mentalidade que temos e os nossos valores (ainda que, muitas vezes, inconscientemente). E sabemos que tudo isso influencia a nossa perceção.
Ao olharmos de uma maneira mais positiva para o que nos rodeia, focarmo-nos nos nossos objetivos (percebendo o potencial e a importância que temos) e aliarmos ação a esta mentalidade, acabamos por atrair tudo isso para a nossa vida. E atraímo-lo por uma razão muito simples. Porque inconscientemente procuramos as oportunidades que estão em sintonia com os nossos objetivos e com a nossa mentalidade, seja algo de bom ou de mau.
Desta maneira, a fé é o ingrediente especial que dá capacidade e motivação para transformar um pensamento em realidade. E se não acreditarmos que é possível, isso é garantido. Acabamos por nos conformar e não estamos abertos a possibilidades que nos podem levar ao sucesso. Por isso, acreditar e agir em conformidade é a alavanca que permite que vejamos a viabilidade do que ambicionamos na vida.
A fé é também uma âncora que nos dá força para continuar e não desistir quando surgem obstáculos. É o que nos dá certezas de que vamos conseguir o que sonhamos, vivendo um dia de cada vez. Para isso, é necessário igualmente desconstruir crenças infundadas e limitantes que parecem bem presentes no nosso subconsciente e, sem dúvida, vão acabar por influenciar a nossa vida. Perceber que é possível, mesmo quando nada parece estar a favor. Ultrapassar medos, com pequenos passos diários. Ter uma mentalidade mais aberta e acreditar. Porque os únicos limites que temos são aqueles que definimos.
Desta forma, tornamo-nos na nossa própria luz. Luz que somos nós, que caminhamos por aqui em demandas e lutas, mas que não podemos nem devemos perder a capacidade de sentir e de querer, de sonhar, de lutar pelo que é o melhor para nós.
Traçamos caminhos a cada dia que passa. Sonhos e projectos se erguem à medida que programamos cada caminhada. Conhecemos-nos através de cada trilha que queremos percorrer, de cada meta que queremos almejar. Por entre obstáculos, a fibra de cada um de nós é testada.
É quase ciência que há sempre algumas luzes que estão meio apagadas. Que nos questionam e ao que fazemos, que nos ferem, que nos provocam. Colocam-nos em causa e ao que queremos alcançar, especialmente quando o caminho não é corriqueiro.
Não perceberam que a luz de cada um é única e que é na soma de cada individualidade que tudo brilha em esplendor. Todos, sem excepção, em algum momento caminhámos apagados. Com e sem consciência. Estimulando os outros.
Não faz mal, volta e meia, andarmos por aí às escuras. É parte do processo. O brilho regressa muito mais facilmente do que se pensa, basta avançar, acreditar, perceber que, muitas vezes, sem andarmos às escuras não percebemos o nosso próprio valor e do nosso propósito.
Não há sonhos que se cumpram sem questionamento, não há conhecimento que se adquira sem percebermos quem somos, não há fé nem garra nem força que persista se não formos obrigados a entender que existe, sim, leveza em sermos quem somos. Entre semelhanças e diferenças.
Quando brilhamos, todos os outros brilham. Se formos nós próprios, sem receio, inspiramos e deixamos que os outros nos ensinem. Fazemos tudo o que é suposto e tudo, afinal, faz sentido.