Depois de, na semana passada, termos vivido o Eclipse Solar, agora encaminhamo-nos para o Equinócio, que vai dar início à Primavera, no hemisfério norte, e ao Ano Astrológico, mas também para o Eclipse Lunar, na próxima semana. Qualquer início implica um fim, e todo o fim pede a libertação de algo que nos restringe e bloqueia, independentemente de nos criar, ou não, rupturas ou conflitos. Tantas vezes, são aquelas coisas que parecem estáveis e pacíficas, mas que já em nada contribuem para o nosso crescimento, que mais nos impedem de encontrarmos a nossa felicidade, o amor e a harmonia. É essa a mensagem que o 8 de Copas, carta tão poderosa do Tarot, nos traz esta semana.
Ao longo da nossa vida, o que vamos vivendo, sentindo e experienciando deixa em nós algo que vamos guardando na mochila que carregamos connosco, que trazemos desde o momento em que escolhemos encarnar aqui na Terra, que contém, originalmente, tudo o que necessitamos para este caminho que aqui percorremos. De tempos a tempos, precisamos de olhar a mochila, limpá-la e retirar dela tudo o que não precisamos mais, que já não nos faz falta. No entanto, como seres de hábitos que somos, com zonas de conforto intensas, olhamos para aquelas coisas que fazem parte do nosso percurso e pensamos que estão resolvidas, que estão pacíficas e calmas, que não pesam. Sem percebermos, acumulamos ao longo do tempo essas mesmas coisas, aquelas que, por pena, por hábito, por medo ou por outra razão qualquer, não deitamos fora, não deixamos seguir os seus caminhos, não seguindo, na verdade, nós mesmos o nosso caminho.
O 8 de Copas é uma carta intensa, com uma mensagem difícil, mas transformadora, que nos lembra dessas mesmas questões, pessoas, sentimentos, convicções, que guardamos ao longo da vida, apenas por uma questão de conforto e de medo, mas que criam um peso tão grande que nos impedem de avançar. Para poder subir ligeiros na escadaria da nossa evolução, da nossa vida, não podemos carregar mais do que o que precisamos. Ainda que existam coisas que pareçam estar bem, que pareçam não nos afectar, a realidade é que quando mantemos nas nossas vidas algo que não precisamos, que já não nos faz falta, que não contribui para que possamos cumprir a nossa missão, não conseguimos encontrar a nossa felicidade, a harmonia e o amor que buscamos. Na verdade, tantas vezes o que acontece é, precisamente, não compreendermos o porquê de não conseguirmos atingir os nossos objectivos e propósitos, aquelas pequenas coisas que, sabemos, fazem parte do nosso percurso de felicidade, e, ao mergulharmos em nós, percebemos que nada nos impede de o fazer, a não ser o facto de guardarmos em nós o que já não faz parte do nosso caminho. A tal mochila, com tanto que não precisamos, no início não pesava, carregava-se bem, mas ao fim de algum tempo a subir a nossa montanha, torna-se incomportável e impede-nos de fazer aquela pequena distância que nos separa da felicidade.
Esta semana, o desafio que nos é proposto é, precisamente, que olhemos para dentro do nosso coração e façamos uma simples escolha, a de sermos felizes. Para tal, precisamos de olhar bem para a nossa vida e compreender o que mantemos na nossa mochila que, na verdade, já não necessitamos, todas aquelas situações que, embora pareçam bem, pareçam não chatear, mas que, na verdade, são a barreira que nos bloqueia o avanço, que nos impede de atingirmos o que almejamos. Tantas vezes, a nossa zona de conforto, os nossos hábitos e medos, levam-nos a manter na nossa vida pessoas, trabalhos, situações, pensamentos, emoções, e tantas outras coisas que, embora possam estar pacíficas, possam não nos trazer conflitos, discussões ou problemas, a verdade é que impedem de encontrarmos a nossa felicidade. O que nos é pedido agora é que saibamos escolher por nós, pela nossa felicidade, pelas emoções que queremos sentir, e nos permitamos agitar as águas paradas das nossas vidas, transformando o nosso caminho, permitindo um fluir saudável, libertando-nos. É preciso também compreender que ao nos libertarmos destas mesmas situações, libertamos também o outro lado das questões, as pessoas, os lugares, e a energia que estava estagnada, começa a fluir, permitindo-nos, a nós e aos outros, encontrar aquilo que procuramos e que merecemos.
Boa semana!
Leonardo Mansinhos