Uma nova semana já nos chegou, com o tempo quente característico do mês de Agosto e, infelizmente, com inúmeros incêndios por todo o país. Embora este seja um tempo de maior descanso e de férias para muitos, esta simples e muito dramática realidade mostra-nos que os problemas não tiram dias de descanso e, de certa forma, também nos podem ensinar algo para as nossas vidas.
Muitas vezes, perante as situações e obstáculos que a vida nos coloca, assumimos uma postura de guerreiros solitários, carregando nos nossos ombros o peso de todo o processo. Não queremos incomodar ninguém com os nossos problemas e, por isso, tentamos construir fortalezas à nossa volta, não só para aguentar a pressão, mas também para que, tantas vezes, possamos ser apoio para outros.
No entanto, sem percebermos, vamos suportando pesos maiores do que aqueles que conseguimos, buscando forças onde nem sequer sabíamos que elas existiam. Nada há de mal nisso, e muitas vezes é até necessário. Contudo, é preciso também compreender que tão importante como ultrapassar os nossos próprios problemas, trabalhar nas suas soluções ou auxiliar outros, é também saber pedir auxílio, entender que, sempre, sozinhos chegamos mais rápido, mas juntos chegamos, certamente, mais longe.
Fomos gerados e criados numa sociedade que tem como grande preceito a competição, a vivência individual, esquecendo a partilha e a entreajuda, vendo-a, tantas vezes, como sintomas de fraqueza e inferioridade. No entanto, quando vivemos presos aos nossos problemas, tentando perceber como os resolver, fechados nas nossas conchas, não somos capazes de olhar em volta e compreender que há sempre uma mão estendida para nós, oferecendo-nos o seu auxílio, não no sentido de resolver os nossos problemas, mas sim de nos dar uma outra visão, uma outra perspectiva, de nos ouvir, de nos permitir aliviar um pouco da nossa carga.
O 5 de Ouros é uma carta dura e difícil, que nos relembra que a maior ajuda que podemos encontrar é aquela que nos permitimos receber, pois tão importante como dar é compreender que também somos merecedores de auxílio, de um ombro amigo, de um colo. Muitas vezes predispomo-nos a dar, a auxiliar, a estar sempre disponíveis para estender a mão, e nada há de mal nisso, mas olhemos também para dentro de nós e vejamos se também é igualmente fácil dizer que precisamos de ajuda. Podemos e devemos ser fortes, procurar soluções e caminhos, compreender que apenas nós podemos trilhar o nosso caminho, mas que se, constantemente, nos fecharmos nas nossas fortalezas, esse mesmo caminho torna-se mais duro, mais difícil, mais custoso.
Por isso, nesta semana, olhando também um pouco para tudo o que nos rodeia, façamos esta reflexão e compreendamos que, tão importante como estender a nossa mão para dar uma ajuda, para prestar um auxílio, é também estendê-la para agarrar outra mão que nos dá esse mesmo apoio, sem cobrança, sem interesse, um puro acto de amor ao próximo. Não é apenas dando que estamos a cumprir os ensinamentos do Mestre, é também aprendendo a receber, pois só dessa forma o Universo pode fazer chegar até nós muito mais e, da mesma maneira, muito mais poderemos dar.
Boa semana!
Leonardo Mansinhos