Uma nova semana já se iniciou e, pelos vistos, o Universo não nos vai dar tréguas nem férias no trabalho que precisamos de fazer em nós mesmos. O Sol entrou no signo de Virgem no dia de ontem e, assim, entramos no final do Verão, o tempo das colheitas, o tempo em que precisamos de olhar para tudo o que semeámos nos últimos tempos, ver os frutos que já nos deram, colhê-los, separar o trigo do joio e prepararmo-nos para o tempo que há-de vir. Muitas vezes, para fazer todo este processo, precisamos de mudar a nossa forma de ver a vida, a nossa forma de estar e de nos entregarmos ao que o Universo nos está a dar, compreendendo que tudo o que colhemos é, sem dúvida, fruto do que antes plantámos e que, mesmo que não queiramos, temos de os tomar como nossos e, de alguma forma, alimentarmo-nos dos seus ensinamentos.
Nestes caminhos que nos têm sido pedidos, devido a alguns movimentos nos céus um pouco mais desafiadores e a algumas transições energéticas, há um cansaço, uma desmotivação e uma frustração que nos acompanham, que nos fazem sentir um peso nos ombros. O tal olhar para dentro de nós torna-se um enorme sacrifício, não pelo facto de termos de o fazer, mas sim porque, a cada momento, o Universo, quer queiramos quer não, confronta-nos com o que existe dentro de nós, de mais belo e de mais denso, de mais subtil, mas também de mais complexo e difícil. Contudo, também é preciso aprender a ver a beleza e a aprendizagem que essas experiências mais difíceis nos trazem, é preciso aprender a compreender que no Universo em que vivemos, na dimensão que escolhemos para cumprir o nosso propósito, tudo funciona em dualidade, tudo tem um equilíbrio próprio.
Aquilo que a vida nos tem pedido, a cada um de nós, é que sejamos capazes de olhar para cada situação que temos experienciado com aceitação e entrega, mas não com pura e negativa resignação. Aceitar não é simplesmente baixar os braços e transformarmo-nos em vítimas de algo ou alguém, aqui na Terra ou noutro sítio qualquer, de um destino fatal. Pelo contrário, aceitar é compreender o porquê de tudo o que vivemos, entender que nada do que experienciamos tem fundamento no acaso ou no vazio, nada vem do nada, nenhuma planta nasce de um terreno não semeado. Quando vivemos em aceitação, amplificamos a consciência que temos sobre nós mesmos e sobre as situações, capacitando-nos dum maior livre-arbítrio, seguramos nas nossas mãos a nossa própria vida.
A aceitação implica, muitas vezes, o sacrifício de vivermos situações menos simpáticas, mas até para colhermos uma rosa temos de tomar atenção e, tantas vezes, cravamos nos nossos dedos os seus espinhos, doendo-nos, sangrando. No entanto, a beleza da flor faz-nos esquecer a dor e o sofrimento e, da mesma forma, os sacrifícios que temos de ir fazendo são apaziguados com a certeza do caminho que estamos a fazer, com a consciência do que estamos a semear, a construir. Aceitação implica gratidão e, sem dúvida, temos de ser gratos aos espinhos das rosas, pois sem eles, facilmente os animais as comeriam ou destruiriam. Da mesma forma, devemos ser gratos aos obstáculos que a vida nos coloca em frente, pois são eles que nos fazem crescer, amadurecer, evoluir e aprender. São eles que nos motivam, que nos dão força, que nos alimentam, se assim quisermos, a coragem de ir mais longe.
O Dependurado, a carta que nos rege esta semana, lembra-nos que até o mais árido dos desertos foi criado pela força Divina e, como tal, há algo de único e especial ali aos olhos do Criador. No entanto, ela lembra-nos também que precisamos de mudar, tantas vezes, a nossa forma de olhar a vida, que precisamos de aprender a ser gratos por tudo o que a vida nos traz, tão simplesmente pela consciência que, de uma forma ou de outra, foi o caminho que nós escolhemos, foi a semente que plantámos. Mudando a nossa perspectiva sobre a vida e sobre nós mesmos, mudamos também a nossa consciência, pois o nosso coração vibra em aceitação e amor e, assim, a nossa mente pode mudar também a sua vibração e tornar-se criadora da nossa realidade, pode semear as verdadeiras sementes que precisamos de plantar. É algo fácil e rápido de se fazer? Não, leva tempo e muita dedicação, mas o que poderemos obter como mudança das nossas vidas é inigualável.
Esta semana, saibamos compreender os tempos que temos vivido e aprendamos a aceitar que tudo o que hoje temos é fruto de uma semente antes plantada, de uma planta antes regada e alimentada. Se não gostarmos destes frutos, há que colhe-los na mesma, aceitá-los nas nossas vidas, mas, ao mesmo tempo, libertarmo-nos deles, pois se não servem para nós, para nosso alimento, com certeza terão outro proveito, e escolher bem as sementes que vamos querer, mais tarde, depois de integrarmos toda a aprendizagem e adubarmos o terreno do nosso coração, semear. Nunca nos podemos esquecer que tudo tem o seu tempo certo, e de nada serve semear em terreno que não foi preparado, que não foi adubado. De nada serve querermos coisas nas nossas vidas para as quais não estamos preparados, pois não as iremos aproveitar, não as iremos valorizar. Há um tempo para semear e outro para colher, há um tempo para o pousio e para a adubagem, e todos são importantes e, da mesma forma, nas nossas vidas, tudo tem o seu tempo certo e de nada serve tentarmos acelerar o que não pode ser precipitado.
Boa semana!
Leonardo Mansinhos