Por vezes, tantas vezes, a vida traz-nos dificuldades, obstáculos, problemas, uns mais pequenos, outros maiores, e alguns verdadeiramente gigantescos. Por vezes, também, essas questões são tão grandes, tão fortes e intensas, que nos deitam abaixo, nos atiram para o chão, nos deixam esgotados, com medo, derrotados e desprovidos de esperança. No entanto, acredito que tal acontece pela forma como vemos essas mesmas questões, como nos deixamos envolver por elas, e que tal significa que, em qualquer momento, podemos escolher algo diferente.
Imaginemos um pequeno objecto, colocado numa mesa onde acendemos uma vela maior do que ele. De início, a sombra que a luz da vela cria é mais pequena que o próprio objecto, mas à medida que a vela vai-se consumindo e fica mais pequena, a sombra que ela cria do objecto torna-se cada vez maior. Da mesma forma, quando deixamos a nossa Luz se apagar, quando cedemos ao medo, à dúvida, à falta de fé, quando baixamos os braços e nos derrotamos, tudo o que vivemos amplifica-se, toma proporções gigantescas, tornam-se monstros que parecem impossíveis de derrotar.
Em cada obstáculo que a vida nos coloca, há uma pergunta que temos de fazer a nós mesmos, uma escolha que temos de assumir: perante isto, o que é que vou alimentar em mim, que caminho vou seguir? É o caminho que escolhemos que dita o resultado que vamos tendo nas nossas vidas, mas esse caminho tem de ser seguido com a bússola do nosso coração. É o amor que temos por nós mesmos, pelo nosso percurso, pela nossa missão, que nos dá a força para encarar cada problema e nos focarmos na sua solução.
Sim, sem dúvida que temos o direito a chorar, a gritar, a desesperar, a sentirmo-nos sem chão, libertar todas essas dimensões densas de nós mesmos é muito importante, pois é o nosso grito que gera um eco, é apenas quando exprimimos o que vai dentro de nós numa situação tão dura e adversa que nos conseguimos ouvir a nós mesmos, ouvir o nosso próprio coração. É também quando o fazemos que largamos o peso da raiva e da revolta e impedimos que elas se transformem em mágoas, em medo, em veneno para a nossa Alma.
No entanto, depois, temos de escolher, temos de nos recordar de quem somos, do nosso propósito, e escolher se continuamos a alimentar esses sentimentos de impotência e dúvida, que nos levam a nos derrotarmos, a perdermos a força, ou se, pelo contrário, escolhemos alimentar a nossa determinação, a nossa vontade, a nossa Fé, que nos mostram que, sim, o caminho é duro, as situações são complexas, que nos dói muito, que nos faz sofrer, mas que nada é assim tão grande que não possa ser ultrapassado, transformado e elevado.
No fundo, perante todas as coisas, o mais importante é recordarmo-nos que quando pomos uma luz exterior para ver o mundo, quando ficamos presos aos velhos padrões, medos ou receios, invariavelmente, a sombra do objecto torna-se maior do que ele próprio. Contudo, se aceitarmos abrir o nosso coração e deixarmos a Luz sair, ainda que ao princípio isso doa e até pareça não funcionar, se aprendermos a ser Luz, em vez de procurar Luz, compreendemos que a sombra existe, sim, porque ela é a projecção de algo que me foi dado (que, no fundo, também escolhi) para poder crescer e evoluir, e que tal sombra depende da forma como eu me coloco na minha vida.
Recordemo-nos que o sol, perante uma montanha, quando nasce ou se põe impõe uma sombra gigante, capaz de manter na penumbra uma cidade, mas que quando está no topo do céu, bem lá em cima, ele irradia a beleza dessa montanha e de tudo o que a rodeia. Da mesma forma, quando estamos focados em nós e nos colocamos em cima dos problemas, libertando para eles a nossa Luz, baseada e apoiada no nosso profundo Amor, Fé e Esperança, para além de podermos ver claramente essa mesma questão, vemos tudo o que temos ao nosso dispor.
Leonardo Mansinhos
Luz, Amor, Fé, Esperança. Sim!
Obrigada!