Tema incontornável no dia de hoje, é dia de falar de Amor. No entanto, nesta reflexão não será sobre o amor comercial, o que tem uma inicial minúscula, onde se desenham corações e fazem-se juras em troca de algo, mas sim daquele que é a energia que tudo forma, que tudo cria neste Universo, neste planeta e em cada um de nós, aquele que, se não existir, nada toma forma, nada tem significado.
É curioso que, pelo menos por cá, o Dia dos Namorados, Dia de São Valentim, se comemore em plena energia de Aquário, uma energia mental, que tem como busca a sua individualidade e o seu lugar, que procura ser único e especial, ainda que isso signifique ir contra tudo e contra todos. Contudo, nesta busca incessante, Aquário, muitas vezes, fica fechado nas suas idealizações e conceitos, tornando-se carrasco de si mesmo e exilando-se. Na verdade, o amor terreno de hoje vive muito deste problema, idealizado, exigente, fechado num conceito, nomeadamente sobre si mesmo.
Procura-se alguém para completar uma laranja que está pela metade, mas exige-se que essa pessoa seja algo que se acha que é necessário, esquecendo-se que o outro não vem completar-nos, mas sim complementar-nos, amplificar-nos, fazer-nos ser mais do que nós mesmos, sem nunca nos esquecermos de quem somos. Quando vivemos sob esta premissa, reconhecemos que não estamos nem somos incompletos, mas sim únicos e especiais, mas que precisamos de outro alguém, único e especial, para que possamos crescer e evoluir, compreender-nos e reconhecer-nos. O outro é um espelho de nós mesmos, é o reflexo de quem somos, pelo que não podemos procurar no outro algo que achamos não ser ou que consideramos nunca conseguir obter.
O amor terreno necessita de ser um reflexo de um Amor maior, universal e espiritual, aquele que une as Almas e funde os espíritos, e esse existe quando reconhecemos a nossa Centelha Divina e compreendemos que o outro está na nossa vida para que possamos construir algo em conjunto, para aprender e crescer, para trabalharmos a nossa individualidade e identidade. Quando mais nós somos nós mesmos, quanto mais trabalhamos em nós e nos conhecemos, mais permitimos e incentivamos que o outro faça o mesmo, que seja ele mesmo, que se conheça, que trabalhe sobre si, e, dessa forma, o espaço que existe em conjunto, que criámos os dois, torna-se ainda maior, pelo crescimento de ambos. O “Nós” não existe sem o “Eu” e o “Tu” existirem e manifestarem-se, mas o que grande parte de nós faz é anular-se ou anular o outro, tornando esse “Nós” inexistente. O resultado disso é claro e óbvio, o que muitas relações de hoje vivem, a autodestruição.
À Terra viemos aprender a força e a beleza do Amor, compreendendo que ele existe quando eu vivo em reflexo para com o outro, quando respeito o outro como me respeito a mim, quando dou ao outro na mesma proporção que me dou a mim mesmo, quando aceito o outro como me aceito a mim, quando permito que o outro me conheça, me veja, como eu me conheço e me vejo a mim mesmo. O Amor não precisa de barreiras, receios, medos ou dúvidas, não precisa de provas, jogos ou controlos, precisa de entrar em cada célula, ser absorvido por cada poro da nossa pele, alimentar cada órgão, ser o nosso movimento, a nossa voz, o nosso pensamento, pois quando vibramos na energia do Amor, quando aprendemos a ser Amor, vemos a nossa essência divina e reconhecemos o outro também como um ser divino e permitimos que a vida flua e seja, verdadeiramente, vivida.
Leonardo Mansinhos