Bem no início deste dia, ainda nem os primeiros raios de sol despontavam, deu-se o ponto exacto da Lua Nova no signo de Virgem. Ainda que o mundo esteja em alvoroço, nomeadamente com as catástrofes que têm acontecido, com as ameaças de guerras e até com perspectivas apocalípticas para este sábado, dia do Equinócio, a verdade é que uma Lua Nova é sempre um tempo de sementeira, e em Virgem, o signo das colheitas, existe um significado muito especial a ter em conta.
Todas estas notícias que nos rodeiam, as acesas discussões nas redes sociais, que nada mais são do que insultos gratuitos, explosões de frustrações que não sabemos gerir e libertar nas nossas vidas reais, têm um profundo efeito perverso sobre a nossa mente, fomentando medos, dúvidas, receios, projectando-nos num suposto futuro e alimentando gigantescos estados de ansiedade. São todas estas coisas que, cada dia mais, nos afundam, nos absorvem a paz, a serenidade, a calma e a nossa própria Luz, e é esta espiral que urge ser quebrada, para que um novo caminho se desenhe.
O mundo está em mudança e não são precisas previsões catastróficas para nos colocarem mais em alerta. Na verdade, neste mesmo suposto “mundo espiritual”, todos os meses existem novos portais de qualquer coisa, novos alinhamentos, alimentando, também numa área onde, supostamente, o trabalho deveria ser de apaziguamento, de abertura de consciência e do coração, mais histerismos e, muitas vezes, medos. O mundo está em mudança e o despertar está a acontecer já há muitos anos, talvez décadas, e, se pararmos um pouco para pensar, para sentir, para permitirmos vibrar na nossa essência, vamos ver que nesta ponte que estamos a atravessar existe a possibilidade de viver um tempo em que o tempo é precioso, sim, mas para tocar mais corações, para transformar vidas, começando pelas nossas próprias.
Se a Lua Nova é um tempo de sementeira, no signo de Virgem ela pede-nos para termos atenção e cuidado com o que semeamos, para sermos focados, organizados e dedicados, colocando amor em cada passo que nos propomos dar, sentindo bem o que pretendemos atingir nas nossas vidas, que nenhum mal existe em pedir ao Universo coisas, mas que tenhamos em atenção que o que pedimos é-nos dado em proporção de merecimento, de trabalho árduo. Hoje, mais do que nunca, a poucos dias do Equinócio, este será o grande alimento de tudo o que nos propusermos semear nas nossas vidas.
É a dedicação, a devoção a nós mesmos, a sermos quem realmente somos, largando as máscaras, os egos insuflados, as arrogâncias e as defesas que de nada servem, que nos permitem criar tudo nas nossas vidas. É o tempo de experimentar, de nos entregarmos de alma e coração. Como um pianista, é apenas quando nos permitimos libertar das prisões da mente, da crítica e do perfeccionismo focado puramente em aspectos técnicos, mentais e cartesianos, que podemos atingir o virtuosismo de tocar os corações com a música que viemos a esta Terra compor e interpretar. A mente é importante, sem dúvida, pois ela permite-nos aprender, conceptualizar, criar e aperfeiçoar, mas é do coração que sai a mais bela criação, é através dele que nos libertamos de nós mesmos e nos conectamos ao outro. Tal como o pianista precisa de largar as picuinhices mentais, os aspectos profundamente técnicos e torna-se uno com o piano para tocar aquela melodia que entra na nossa alma, também nós precisamos de saber acreditar mais em nós, libertarmo-nos dos medos, das preocupações em relação ao que os outros vão dizer ou pensar, e vibrar mais profundamente no nosso coração em amor, em união com a nossa essência.
Quando o fazemos, aquele tempo de mudança tão apregoado mostra-se claramente à nossa frente, vemo-lo com os olhos da alma, sentimo-lo em nós. Ainda que possamos levar algum tempo a torná-lo a constante da nossa vida, se calhar até levaremos a vida inteira a conseguir isso, a verdade é que, como Einstein nos dizia, embora de forma diferente, quando a nossa consciência se abre a esta experiência, quando somos capazes de tocar a nossa essência, não mais voltaremos a quem éramos antes, e mesmo que, de vez em quando, tropecemos, saberemos, porque o nosso coração assim nos dirá, humildemente, voltar ao caminho traçado. Até lá, aproveitemos também para, nos nossos corações, por estas horas, numa oração profunda, enviarmos paz, harmonia e muita Luz para os povos que sofrem com dores, guerras, fomes e catástrofes, mas também, e com muita intensidade, para aqueles que têm os caminhos das nações nas suas mãos, pois eles, mais do que tudo, precisam dessa nossa dádiva.
Leonardo Mansinhos
Incrivel como as suas dissertações ressoam em mim, descobri o vosso site literalmente hoje, ainda que há dias que vejo este nome… Sopro d’alma.
Que benção de dia que me tem preenchido literalmente a Alma
Vou continuar a explorar, é bom sentirmo nos compreendidos e elucidados e claramente que há alguem em sintonia connosco
Muito Grata
Nadia Rosário
Muito grato Nádia! Fico muito feliz! Que assim possa continuar a ser! Leonardo Mansinhos