O novo ano já começou, trazendo-nos os seus primeiros dias e a sensação de renovação que um novo ciclo, ainda que seja tão simbólico como este, significa. É o tempo de voltar à realidade, ao ritmo normal do dia-a-dia, e, como sempre, é neste momento que as resoluções de fim de ano correm o risco de se começar a perder, que a tal “realidade” começa a pesar e os passos que damos, as escolhas que fazemos, nomeadamente nestes tempos que vivemos, começam a ter um efeito quase imediato nas nossas vidas. Se isso já era uma realidade anteriormente, agora, com Saturno a transitar no seu signo de domicílio, Capricórnio, torna-se uma vivência constante.
Estes primeiros dias do ano são também de reajuste e de reequilíbrio, dando-nos a possibilidade de revermos conceitos, caminhos e decisões, de mudarmos perspectivas e focos, de planearmos acções e direcções, em consonância com as tais resoluções e decisões que nos últimos tempos fizemos. Mais importante que isso, é um momento que nos permite reflectir sobre o percurso feito e decidir os próximos passos, com a consciência que todas as escolhas têm consequências e que, se quisermos realmente entender o nosso percurso e os acontecimentos das nossas vidas, temos de aprender uma simples, mas fulcral, verdade, a de que tudo tem uma origem, que todo o efeito tem uma causa e de que toda a acção tem uma repercussão, que nos cabe a nós, a cada um de nós, assumir a responsabilidade dos nossos actos e dos nossos percursos, sob pena de não conseguirmos, verdadeiramente, aprender com o nosso caminho e cometer os mesmos erros e os mesmos padrões, consecutivamente.
Tudo tem uma causa e tudo tem um efeito, entre os dois está o momento presente, o agora, onde cada um de nós é a pedra basilar desse processo. Quando não compreendemos ou não queremos assumir a responsabilidade dos nossos percursos e das nossas escolhas, funcionamos como uma peça desencaixada de um sistema que se quer perfeito e fluído, criando areias nas engrenagens da vida e problemas que podem atrasar ou impedir os nossos processos de evolução de se consagrarem. Se, pelo contrário, formos capazes de olhar para nós como esse ponto central, assumiremos a responsabilidade do nosso caminho e tornar-nos-emos verdadeiros donos das nossas vidas, quebrando padrões, mudando atitudes e comportamentos, transformando, por fim, as nossas vidas, na raiz.
Assumir responsabilidade e sermos o centro do processo implica colocarmo-nos em causa, procurando, perante cada situação, o nosso papel, a nossa aprendizagem, sem um assumir gratuito de culpas, sem penalização ou vitimização, mas com a consciência do nosso percurso. Colocarmo-nos em causa é predispormo-nos a entender o porquê das coisas e aceitarmos as respostas, perguntar ao Universo qual a mensagem que nos quer entregar, qual o caminho mais acertado para a nossa evolução e aceitar a resposta, seja ela qual for. Se, após isso, for necessário corrigir, modificar, mudar, então já temos a consciência e uma responsabilidade acrescida, mas também temos a possibilidade de transformar muito mais profunda e positivamente as nossas vidas.
Nestes primeiros dias do ano muitas coisas acontecem e precisamos de estar atentos. Na verdade, simbolicamente, a energia de cada um os doze primeiros dias poderá estar intimamente ligada à energia de cada um dos doze meses do ano, pelo que, durante este período, temos a possibilidade de entender perguntas, procurar respostas, começar a fazer mudanças e alinharmo-nos com o propósito que este ano, ainda que seja apenas uma convenção, nos traz. O símbolo é isso mesmo, a manifestação de uma vontade, de uma intenção, e tudo o que existe neste mundo desenvolveu-se através desse conceito, activado em cada um de nós ao longo dos milénios. Se o soubermos viver e trabalhar, entenderemos também as causas e trabalharemos os efeitos, colocando-nos no centro profundo e divino das nossas vidas, sendo donos do nosso percurso e entendendo o que cada momento nos traz e nos oferece.
Bom ano!
Leonardo Mansinhos