Uma das mais visíveis características destas semanas é uma certa pressão, uma intensa confusão e irritabilidade que paira pelo ar, com um especial destaque para estes dias, em que tudo tem estado mais à tona. No entanto, sabemos que nada acontece por acaso nem sequer sem qualquer tipo de sentido, pois tudo está sempre no sítio certo e na hora exacta, com um propósito específico para todos e para cada um de nós.
O porquê desta pressão é relativamente simples. Nos céus, os astros e os pontos que nos vão trazendo desafios e propostas de desenvolvimento, estão a transitar, com muita intensidade, em signos do elemento Terra, mas também em signos dos elementos Água e Ar. Contudo, o que se nota, fundamentalmente, é uma forte ausência concreta de planetas ou pontos em signos de Fogo, o que faz com que toda a energia esteja a ficar acumulada e muito intensa.
Na verdade, há dois pontos em signos de Fogo, mas nenhum deles tem a ver com trabalho mais visível e concreto do nosso ser. Ambos são processos, pedidos, alertas e trabalhos profundos, daqueles que, quando não estamos centrados, são avassaladores e deixam-nos sem grande chão para poder pisar. Na verdade, ainda bem que assim é! O problema, a grande questão e propósito, é que o grande foco de trabalho em elemento Terra neste momento projecta-nos para a dimensão terrena, para a vivência da matéria, faz-nos sentir mais densos, mais pesados, na nossa caminhada.
Para além disso, há uma grande intensidade energética criada por quatro pontos que estão numa espécie de conflito, que estão a impulsionarmos para um trabalho sobre as nossas bases, sobre os fundamentos das nossas vidas, e de forma muito pouco meiga. Digo muitas vezes que não existe nenhuma cabala contra o ser humano, nem nenhum ser superior com instintos sádicos a conspirar contra nós. Na verdade, todos somos parte dum processo maior, bem superior às nossas individualidades, mas no qual estamos integrados e para o qual somos, cada um de nós, essenciais. Para isso, temos de nos saber posicionar, temos de saber onde está o foco da nossa existência.
Os tempos que vivemos não são desafiadores porque nos trazem problemas e conflitos, mas sim porque eles pedem-nos um enorme reencontrar connosco próprios, com a nossa essência, com o nosso centro. Ainda que vivamos na matéria e com a matéria, estamos numa profunda reaprendizagem do seu propósito e sentido, pois tudo o que nos foi incutido nestes últimos séculos, na verdade, trouxe muitas coisas maravilhosas, descobertas e desenvolvimentos fantásticos, mas também trouxe ao de cima o pior desta energia e do ser humano. Por isso, agora, para podermos verdadeiramente evoluir, precisamos de limpar e largar os excessos, focarmo-nos de novo em quem somos, no nosso propósito, e voltarmos ao que é importante.
Como seres humanos, o nosso lugar é entre a Terra e o Céu, na conjugação constante dos quatro grandes planos/temas de existência. Somos Espíritos sintetizados em Almas e encarnados em corpos físicos com um propósito, na Terra desenvolvemo-nos e trabalhamos para que em consciência possamos nos direccionar para o Céu, para o Divino, para que dele possamos trazer algo de especial e puro, a nossa Essência, e, assim, contribuir para o profundo trabalho que temos, colectivamente, nesta dimensão.
Quando, em momentos como estes, o elemento Fogo é escasso em termos de dádiva do sistema em que estamos integrados, temos uma certa tendência para nos esquecermos que em cada nós há uma partícula sagrada de um Fogo divino, eterno e imensurável, e que nesta dimensão, um dos grandes propósitos que trazemos é, precisamente, o seu acendimento e a sua elevação, de forma a que possamos ser a peça que falta no grande puzzle que é tudo o que nos rodeia.
Quando nos esquecemos que, em cada um de nós, há esse Fogo, as outras parcelas energéticas ganham mais poder e, neste caso, é a Terra, que nos puxa e nos densifica, que nos cristaliza e nos coloca um peso no coração, não por maldade ou por castigo, como referi, mas sim porque aquilo que nos é mostrado nestes momentos precisa de ser visto e trabalhado, não pode ser mais ignorado nem escondido, seja o que for, como for.
O que é da matéria, à matéria pertence e aqui deve ficar, não pode ser usado como foco de crescimento e evolução. Tudo o que é pertencente a este plano, e não são apenas os bens ou o corpo físico, mas o que a ele está ligado, como as emoções ou os pensamentos da forma como os conhecemos, são caminhos e plataformas, que devem ser respeitados por isso, mas que são mutáveis, que precisam de se reajustar e readaptar constantemente. Neste tempos, é preciso olharmos para nós e perceber o que, neste ponto, precisa de profunda transformação, o que precisa de ser redimensionado, o que nos está a prender e a impedir a evolução, e, sem medo, mas em profunda entrega, nos dedicarmos a trabalhar tudo isso, pois, na verdade, nada mais estaremos a trabalhar do que em nós mesmos.
Leonardo Mansinhos