Crescemos bombardeados com frases como ‘precisas de ser alguém na vida’ e com o peso que cada uma destas palavras carrega. Associamos facilmente esse ‘ser alguém’ a uma conquista específica, a um título, a uma posição, a um número confortável numa conta bancária, a uma casa maior, a um carro mais bonito… O problema coloca-se, quando chegamos a esse lugar – tantas vezes idealizado e fantasiado – e descobrimos, no segundo seguinte, que ele não é exatamente o que esperávamos. Nesse momento, é inevitável: uma dualidade de sensações invade o nosso corpo. Misturamos o orgulho pelo feito – que sempre nos fizeram acreditar que era importante – e o vazio solitário que nos sussurra, quase em segredo, ‘é só isto?’.
Talvez seja nestes momentos que surge a pergunta: ‘afinal, o que é mesmo o sucesso?’. É um destino ou um caminho?
Somos ensinados a acreditar que o sucesso é um destino, que está sempre um ponto mais à frente do que nós. Sempre. O sucesso surge quando acabar a faculdade, quando tiver um emprego estável, quando comprar casa, quando formar família, quando fizer aquela viagem, quando alcançar aquele reconhecimento. Passamos a vida inteira a correr atrás de algo que nunca cumpre plenamente porque, assim que alcançamos um objetivo, surge outro no horizonte, como uma corrida sem linha de chegada.
Quando olhamos o sucesso como destino, passamos o caminho inteiro a sofrer com a pressa, a ansiedade e a comparação. Ficamos facilmente esgotados porque conquistamos coisas, colecionamos medalhas e feitos, mas dentro de nós continuamos a carregar a sensação de que falta qualquer coisa. O sucesso pode (e deve) ser visto como um processo – para que possamos encontrar sentido no simples facto de caminhar. O sucesso pode estar na coragem de dar o primeiro passo, mesmo sem garantias. Pode estar no entusiasmo de começar um projeto que estava há anos na gaveta. Pode estar no aprender algo novo sem obrigação académica ou profissional. Pode estar no riso partilhado com amigos, no abraço silencioso de quem amamos, na paz de um domingo sem planos. O sucesso talvez seja feito desses pequenos instantes em que conseguimos celebrar a nossa existência, o que somos e o que fazemos. Aqui, agora, neste imediato, e não quando atingirmos determinado patamar.
O sucesso surge, então, sempre que nos sentimos realizados? Sim, talvez sim, mas importa reforçar que realização não é perfeição. Uma pessoa realizada sente que vive de forma coerente com o que é e com o que acredita. Não usa máscaras constantes, não procura conquistar o que não lhe pertence. É alguém que vive com a certeza de que, de alguma forma, cada dia vale a pena.
É, por isso, que o sucesso muda de forma com o tempo – porque o que nos deixava realizados há dez anos atrás, hoje pode já não nos deixar. O sucesso não é estanque nem é fixo, cresce connosco e adapta-se às nossas fases, escolhas, quedas e vitórias. O maior é erro que podemos cometer é pensar no sucesso como algo que um dia ‘se conquista de vez’. O sucesso não é um trofeu final. É um processo dinâmico, com a vida em movimento.

