A zona de conforto é chão firme. É a certeza de sabermos que ali há pouco por onde iremos errar. E o que está para além disso é desconhecido. É desconfortável e o falhanço é tremendamente provável. Temos medo. Muito. Não conhecemos, não sabemos, não estamos seguros. Estamos lançados ao desafio e à coragem e bravura que iremos precisar para pisar esse chão incerto. Seja qual for a área da Vida. Seja qual for o desafio. Quando não sabemos, sentimo-nos inseguros. Porque temos a noção da queda.
No entanto, quando pequeninos começamos a gatinhar. E daí a andar agarrados às coisas ou a alguém. Até que chega aquele dia em que vamos pelos nossos pequeninos pés. E, de preferência, um de cada vez para nos darmos o equilíbrio que precisamos, mas acabamos por tropeçar! Não faz mal. Vamos de novo. Somos pequeninos. Estamos a aprender. E vamos de novo. Até conseguir. Até caminharmos sozinhos. Somos assim. Desde sempre.
Há quem não passe pela fase do gatinhar. Há quem seja mais aventureiro, destemido e passe do estar sentado para o caminhar, mas a queda é inevitável. Todos caímos a determinado momento. E, dependendo do susto, ficamos com medo, choramos e voltamos a tentar. E alcançar a meta nos passinhos de bebe implica tempo e muita, mesmo muita, persistência.
Ao longo da nossa vida, este movimento repete-se. Em muitos momentos, este movimento faz-se presente. E dá trabalho. Agora somos adultos, os passos são maiores e a queda já não é sentida da mesma forma. Caímos muitas vezes e sabemos que muitas são as vezes em que custa (tanto) levantar.
Alcançar sonhos e metas implica muita coisa. Implica quedas, saltos, saltinhos e trambolhões. Implica conhecermo-nos, saber quem somos e o que queremos. E arriscar. A ousadia é ingrediente fundamental. Porque até podemos saber que vai doer, mas não sabemos a imensidão de coisas boas que estarão para lá dessa dor. Podemos até saber que onde estamos não estamos bem, mas preferimos acreditar que assim dói menos do que o trambolhão que poderemos dar. Como é que podemos saber isso? Não sabemos. Imaginamos. Acredito que assim dói menos. Então, acreditamos mais nesta zona desconfortável do que naquela zona onde está tudo o que sempre sonhámos.
Valorizamos mais esta dor, do que aquela dor que nos vai levar onde queremos estar. Então, é porque não queremos assim tanto. Então é porque nos focamos onde estamos e no medo do sítio onde poderemos estar. Ficamos só a imaginar que no outro sítio poderemos estar melhor. E deixamo-nos ficar.
Afinal, somos adultos. Sabemos que vai doer. Tinha mais piada, quando eramos pequeninos e o que queríamos era andar. Fosse qual fosse o “trambolhão a dar”. Porque só assim é que começamos a andar. E só assim é que chegamos ao tal lugar.